sábado, 2 de janeiro de 2021

O SILÊNCIO DAS ASSOCIAÇÕES INCOMODA

 




O SILÊNCIO DAS ASSOCIAÇÕES INCOMODA


A importância das associações

O associativismo constitui a forma mais simples de melhor se defender os direitos, as garantias e os interesses de um Grupo com objectivos (e não só) comuns.

Infelizmente são uma minoria (menos de 20%) os cidadãos autocaravanistas que em Portugal assim o entendem. Contudo, em momentos de crise, com os seus direitos, garantias e interesses em causa, verificam-se duas situações:

- Os autocaravanistas associados em Clubes com personalidade jurídica não se sentem (a maioria) parte integrante das associações em que estão inscritos e assumem uma posição de “clientes” ao invés de co-proprietários;

- Os autocaravanistas não associados sentem-se órfãos e, não obstante quererem actuar em consonância com os restantes, sentem-se impotentes perante a diversidade de opiniões (muitas sem nexo), sem conseguirem definir um objectivo e uma estratégia comum que, normalmente, só em associação se consegue.

Os segundos (os autocaravanistas não associados) acabam sendo vítimas das consequências das opções individualistas (e muitas vezes egoístas) que assumem.

Os primeiros (os autocaravanistas associados), no seu papel de “clientes”, aceitam não ser chamados a contribuir e a decidir sobre as decisões que as Direcções dos Clubes tomam isoladamente sobre matérias de relevante importância.

É, pois, indiscutível que o associativismo é importante na definição de acções e estratégias, nomeadamente em situações de crise, em que torna imprescindível o apoio e a unidade dos sócios para o êxito dos objectivos a alcançar.


O secretismo não é o caminho

Quando, porém, as Direcções das associações não divulgam as acções e estratégias a que se propõem (mesmo que o façam com as melhores das intenções) arvoram-se nos únicos conhecedores da verdade, em “donos” do Clube e passam para o exterior uma imagem arrogante.

Muitas Direcções justificam esse secretismo utilizando um chavão: “O segredo é a alma do negócio”. Pretendem com esse procedimento justificar que manter o “inimigo” na ignorância contribui para o maior êxito da acção e estratégia que se propõem empreender sem o conhecimento dos associados, vincando assim a condição de “sócios clientes” ao invés de “sócios co-proprietários”.


Estratégia cozinhada

Nunca o Movimento Autocaravanista de Portugal foi tão duramente atingido, com uma legislação (artigo 50A do Código da Estrada) que se dirige exclusivamente aos autocaravanistas, como no presente.

Ao longo de anos tanto a CCDR-Algarve, o Deputado Mendes Bota, Câmaras Municipais, a Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal e sabe-se lá quem mais, esforçaram-se por discriminar negativamente os veículos autocaravanas comparativamente com outros veículos de idênticas dimensões e peso, sem, felizmente, o conseguirem, até que… o Governo cedeu.

Pelo meio tiveram o apoio (não consciente) de muitos que exigiam uma legislação especifica para o autocaravanismo acreditando que uma Lei sobre Autocaravanismo se iria debruçar exclusivamente sobre os desejos e interesses dos autocaravanistas e que outros interesses instalados, de elevado poder económico, se não movimentariam para que a Lei fosse nefasta para o autocaravanismo. A aprovação pelo Governo do Artigo 50A demonstra que estavam equivocados.

No silêncio dos gabinetes e ao longo de anos cozinhou-se uma estratégia e uma legislação que discrimina os autocaravanistas. As associações autocaravanistas não têm a mesma capacidade económica, financeira e eleitoral dos mentores desta injusta legislação, pelo que, nesta conjuntura, a ajuda da opinião pública é importante, pois há quem jogue na contra-informação e no silêncio.


Quebrar o silêncio uma necessidade

O silêncio das associações não contribui para a unidade do Movimento Autocaravanista de Portugal e não beneficia qualquer estratégia que revogue e ou altere o teor do artigo 50A do Código da Estrada aprovado pelo Governo.

Se existe qualquer acção ou estratégia, definida em conjunto pelas associações, que reponha a situação anterior ao artigo 50A aprovado pelo Governo e não proponha, essa estratégia, legislação que seja aproveitada pelo Governo para alterar negativamente a proposta das associações, deve ser divulgada.


O SILÊNCIO DAS ASSOCIAÇÕES INCOMODA.


NOTA:

Sobre este tema escrevi os seguintes artigos de opinião:

1 – Não sou profeta (ver AQUI) – 22-11-2020

2 – O paliativo das petições (ver AQUI) – 03-12-2020

3 – Libertem as autocaravanas (ver AQUI) – 11-12-2020

4 – O governo escolheu (ver AQUI) – 13-12-2020

5 – A bola está nas mãos das associações (ver AQUI) – 17-12-2020

6 – Iremos ficar acomodados a uma lei injusta? (ver AQUI) – 20-12-2020

7 – A petição que eu apoio (ver AQUI) – 23-12-2020

8 – Razões para assinar a petição (ver AQUI) 23-12-2020

9 – A opção é sua (ver AQUI) – 27-12-2020


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