terça-feira, 10 de outubro de 2023

COISAS DO… ZECA (22)


COISAS DO… ZECA


Eu vou ser como a toupeira (1972)

Continuação lógica de «Cantigas do Maio», este disco surge numa fase de grande empenhamento político de Zeca - que pouco tempo depois o levará novamente à prisão de Caxias. Apresentado como um trabalho de grupo, com colaborações de Benedicto García, Carlos Alberto Moniz, Carlos Medrano, Carlos Villa, Ernesto Duarte, José Dominguez, José Jorge Letria, José Niza, Maite, Maria do Amparo, Pedro Vicedo, Pepe Ébano e Teresa Silva Carvalho. Praticamente impedido de cantar em Portugal, Zeca apresenta-se ao vivo em Espanha e em França e tenta dar conta, em disco, do que por cá se passa. Prenúncios da mudança que se avizinhava são temas como «Ó ti Alves» ou «A caminho de Urga». Mas, enquanto o dia novo não chega, Zeca continua a cantar a cólera e o desespero colectivos, através de momentos musicais inesquecíveis como «A morte saiu à rua» (dedicado a José Dias Coelho, assassinado pela Pide em 1961) e «Por trás daquela janela» (escrito para Alfredo Matos, antifascista do Barreiro que se encontrava preso), ao mesmo tempo que ironiza com a cadavérica memória salazarista («O avô cavernoso»), faz novos apelos à luta («Fui à beira do mar», «Eu vou ser como a toupeira») e se diverte com o aparente non sense de Fernando Pessoa («No comboio descendente»), afinal a imagem perfeita de um certo "laissez faire" tão tipicamente lusitano.


Viriato Teles

JORNALISTA

FONTE: Associação José Afonso (Ver AQUI)


A morte saiu à rua



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