COISAS DO… ZECA
Ao vivo no Coliseu (1983)
"A última vez que vi o Zeca foi quando, já nos meses finais, este se deslocou a Almada (o carro era conduzido pela mulher, o Zeca já mal conseguia falar, quanto mais conduzir ou mexer-se. Ficou, aliás, dentro da viatura e falou-nos pelo vidro aberto). Foi uma visita de despedida aos seus amigos e colaboradores musicais, suponho que a terá feito a muitos outros enquanto conseguiu articular algumas palavras. Já na altura eu e todos sabíamos que o Zeca tinha muito pouco tempo de vida, que os músculos ligados à respiração parariam e que ele sufocaria. Não obstante, o Zeca não trazia um discurso lamurioso. Com a voz muito fraca falou connosco, confesso que já não me lembro exactamente de que falou, mas lembro- -me que foi uma pequena conversa normal, como se tivesse passado casualmente por ali e resolvesse visitar um amigo que já não via há algum tempo. Nem sei se terá anunciado a visita, talvez a Zélia tenha telefonado primeiro ao meu pai, é possível. Lembro-me de termos ido à rua, onde a Zélia estacionara o carro, e de termos falado com ele (mais o meu pai do que eu, como é evidente). Infelizmente, só tornámos a estar perto dele quando do funeral em Setúbal, que juntou milhares e milhares de pessoas nas ruas. Mas já muito antes dessa triste tarde eu sabia que tinha sido um privilegiado por ter conhecido e tocado com esse grande músico e esse grande homem.”
SÉRGIO AZEVEDO, in «Desta canção que apeteço»
COMPOSITOR
FONTE: Associação José Afonso (Ver AQUI)
Os vampiros
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