COISAS DO… ZECA
Enquanto há força (1978)
“Animal político e de causas que sempre foi, Zeca Afonso continua a espalhar pela sua obra canções que nunca deixam repousar as suas convicções desassossegadas. “Um Homem Novo Veio da Mata” e “Eu, o Povo” não fazem por disfarçar a sua posição global anti-imperalismo e o seu apoio declarado ao MPLA e à Frelimo nos processos pós-independência de Angola e Moçambique. “Colonialismo não passará / Imperialismo não passará / Veio da mata um homem novo / do MPLA”, assim reza o explícito refrão de “Um Homem Novo Veio da Mata”. “É uma canção alegre africana”, descreve Godinho, “mas como é evidente também foi polémica na altura porque havia que não defendesse o MPLA como partido único. Só que o Zeca não tinha medo de se empenhar, eram as escolhas dele”.
(...)
“Começava um outro tempo para a música portuguesa, que a doença impediria José Afonso de desfrutar plenamente. No entanto, com o acrescento de cada nova peça e cada novo disco, o grande mistério não se alteraria. Pelo contrário, só parecia adensar-se. Ou como o concebe e enuncia Carlos Zíngaro: o surgimento milagroso e inexplicável de Zeca Afonso só tem comparação na vida portuguesa com outras figuras como Camões ou Pessoa. “Sabemos as influências, sabemos o percurso, sabemos a cultura dele, mas de repente há uma voz que é única e se mantém única ao longo das décadas e dos séculos. Como é que aquilo aparece?”. Não sabemos. Não precisamos. Deve ser isso a fé”.
Gonçalo Frota, Março 2013
JORNALISTA
FONTE: Associação José Afonso (Ver AQUI)
Arcebispíada
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