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COMO UMA PALAVRA FAZ A
DIFERENÇA
(Peregrino)
A razão pela qual nos Estatutos da maioria esmagadora das
entidades existentes em Portugal está consignada a independência dessas
associações em relação ao estado, aos partidos políticos e às instituições religiosas
relaciona-se com o respeito pelas opções políticas e religiosas dos respectivos
sócios, permitindo que nessas instituições possam participar, sem
constrangimentos, todos os cidadãos.
Evidentemente que nada impede que uma qualquer associação se
reconheça no âmbito de um qualquer partido, religião, ideologia ou filosofia,
mas, ao fazê-lo, está a passar a mensagem de que quem não for desse partido,
dessa religião, dessa ideologia ou dessa filosofia ou não é bem-vindo ou deve
abster-se de comentários contrários.
É pois, perfeitamente legal (e mais que legal, perfeitamente
legitimo) que um Grupo de Autocaravanistas (católicos, apostólicos, romanos)
entenda promover um Encontro Autocaravanista em Fátima, numa demonstração de fé.
Tal como seria legítimo que os maometanos organizassem uma peregrinação
autocaravanista a Meca (ou uma concentração junto da Mesquita em Lisboa) ou os
autocaravanistas Judeus realizassem um outro qualquer evento público
demonstrativo da sua fé. Nada há, portanto, a opor. E, mesmo que eu,
pessoalmente, tivesse algo a opor, a lei portuguesa dá cobertura a estas
manifestações. E ainda bem, porque foi precisamente para isso, para haver
liberdade de religião, liberdade de associação, liberdade de expressão, para
que haja liberdades, que teve lugar a Revolução dos Cravos. E, sempre que
estiver em causa algum destes direitos, não deixarei de me manifestar com
aqueles que estejam em perigo de não poder, por exemplo, praticar a respectiva
fé, no âmbito do respeito pelos direitos humanos. Por outras palavras: sempre
que os católicos, apostólicos, romanos forem proibidos de poder praticar a
respectiva religião, eu estarei a lutar com eles por esse direito.
Vem isto a propósito da organização de uma peregrinação a
Fátima em que alguns intervenientes consideram que essa peregrinação
autocaravanista configura o “Dia Nacional do Autocaravanista”, ignorando o que
é o apanágio de um Dia Nacional.
O Dia Nacional do Autocaravanista só o pode ser se incluir
nesse Dia todos os que se reconhecerem em abrangentes valores autocaravanistas e,
que eu saiba, a peregrinação a Fátima é um evento de cariz eminentemente religioso
em que NEM TODOS os autocaravanistas se revêm. Mesmo muitos dos que professam a
religião Católica, Apostólica e Romana não aceitam Fátima.
Portanto, quando alguns intervenientes dizem e querem que
esse evento autocaravanista em Fátima - que é um evento religioso, com liturgia
e missa, que se prevê que venha a ser repetido anualmente como uma manifestação
de fé - seja o Dia Nacional do Autocaravanista, afirmo, convictamente, que
estão a ostracizar (desse Dia que querem que seja Nacional) os Companheiros
Autocaravanistas que não são católicos, apostólicos, romanos. Como querem pois,
esses intervenientes, que esse dia seja Nacional, dia de TODOS os
autocaravanistas, se o realizam em Fátima num âmbito de cerimónias religiosas
que nada dizem a todos e em que não acreditam judeus, maometanos, hindus,
protestantes (das diversas igrejas, como os anglicanos) Já não falando dos
ateus!
Mas, a realidade e a verdade é bem diferente da que alguns
intervenientes pretendiam ao tentar, consciente ou inconscientemente,
apoderar-se do que deveria ser o DIA NACIONAL DO AUTOCARAVANISMO, um dia de
TODOS os autocaravanistas e não só de alguns.
Fiquei a saber como
uma simples palavra faz a diferença e também que o Dia Nacional do Autocaravanista é, em boa verdade, o “Dia Nacional do PEREGRINO Autocaravanista em
Fátima” que resulta de um acordo com o Serviço de Peregrinos (SEPE) e o
Serviço de Administração (SEAD) do Santuário de Fátima.
Infelizmente alguns dos cartazes anunciadores do evento
continuam a passar uma mensagem dúbia ao não referir que se trata do Dia
Nacional do PEREGRINO Autocaravanista, ou seja, a palavra PEREGRINO foi deixada
no tinteiro. Intencionalmente? Contudo, a informação sobre o acordo com o SEPE
e o SEAD configura uma substancial diferença.
Nesta perspectiva e considerando que se trata de uma
peregrinação em autocaravana a Fátima que culminará no Dia Nacional do
PEREGRINO Autocaravanista, não quero deixar de desejar aos Peregrinos
Autocaravanistas que consigam encontrar as respostas para os respectivos
anseios.
Quanto ao Dia Nacional do Autocaravanista (ou Dia
Nacional do Autocaravanismo) será um dia a construir num futuro que se quer
próximo e com a participação possível de TODOS os autocaravanistas.
(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do
Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o
autocaravanismo (e não só) – AQUI)
Á semelhança de outras atitudes, em que se tenta por todos os meios possíveis "dominar" o Autocaravanismo, apenas para aumentar o ego e a vaidade pessoal, acompanhada da sede de protagonismo, parece-me claramente mais uma tentativa, falhada, de, um dia mais tarde, virem a terreiro vangloriarem-se do feito inédito!
ResponderEliminarAssim tem sido no que a criação de "clubes", de bairro, de rua, de garagem, quando não apenas de casa, em que se pretendia protagonismo de criar uma "coisa" maior!
A "coisa" surgiu, com estatutos que mais parecem perpetuar a "dinastia", onde poucos podem algum dia contestar o que quer que seja.
Pretendeu-se com o "cristianismo", e com a fé das pessoas, criar-se efectivamente o famoso "Dia do Autocaravanismo", tão ansiosamente procurado por todas as forças, até as do "além"!
Esqueceram-se pois que os Autocaravanistas não são obrigados a seguir esta ou aquela religião, e muito menos são obrigados a ser Autocaravanistas, ou mesmo Autocampistas, para poderem reunirem-se em Fátima e sem a vaidade promover a sua Fé!
Mais um tiro no pé!
Enfim! Ficam as intenções, e fica também o sinal de que esta gente não desiste de chegar ao objectivo pretendido, que não é certamente o Autocaravanismo Itinerante mas outra qualquer coisa, que me parece repugnante!
É só uma impressão minha, como muitas que ao longo de três décadas se têm demonstrado correcta após a descoberta da "verdade"!
Mais uma vez, enquanto Autocaravanista Itinerante, repudio este tipo de atitudes que em nada dignificam a causa e colocam em causa também a Fé, porque a grande maioria dos Autocaravanistas não é de frequentar o Culto Religioso e muito menos frequentar a Santa Missa Dominicalmente como o "impõem" o seu dogma!
Estou mesmo a ver reunirem-se numa Cerimónia Religiosa gente que nem sabe o que é rezar, quanto mais participar activamente numa Missa!
Mas isso são outros quinhentos e ninguém, Autocaravanista ou não, é obrigado a ir à Missa todos os Dias Santos.
Aplaudo a denuncia.
Um abraço e até sempre,
José Gonçalves
(Guimarães)
Amen! ;-)
EliminarSem a eloquência do acima comentador, subscrevo na íntegra.
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