quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

CONFUNDIR A REALIDADE


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CONFUNDIR A REALIDADE



Para a mentira ser segura
e atingir profundidade,
deve trazer à mistura
qualquer coisa de verdade…

António Aleixo


A realidade que não é muitas e muitas vezes consonante com os desejos e ambições que se almejam, além de provocar desespero e angustia, obriga algumas pessoas, tantas e tantas vezes, a um esforço de imaginação que altere, tanto quanto baste, a dura realidade. Nem todos, felizmente, assim procedem, contudo, alguns, em desespero de causa, através de um incrível poder de imaginação, alteram a descrição dos dados factuais para que correspondam às narrativas que gostariam que fossem reais.

Vejamos dois pequenos exemplos relacionados com a interpretação da realidade a que, infelizmente, o Presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPA nos vem habituando com a sua prodigiosa imaginação.

De facto a FPA não defende que se limite, como regra geral, o tempo de permanência, a não ser que essa seja a regra para todas as viaturas do mesmo gabarito e simultaneamente a fórmula para combater e anular as proibições totais atualmente existentes nesses locais” afirma o Presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPA no Fórum do CampingCar Portugal, a 8 de dezembro de 2014, no tal espaço virtual de onde fui banido num procedimento censório dos respectivos donos. (ver AQUI).

Como se pode constatar, através da leitura dos meus artigos de opinião, quando faço referência a qualquer ideia de outrem, menciono o endereço onde essa ideia ou facto são referidos. Procurei, no Portal oficial da FPA, esta declaração de intenções que o Presidente da Mesa da Assembleia Geral atribui à FPA e… não a encontrei! O que encontro é precisamente o contrário. (ver AQUI e AQUI).

O mais grave é a mentira desenvolvida no texto que o Presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPA colocou também no Fórum do CampingCar Portugal (tinha que ser!) a 6 de Dezembro de 2014 (ver AQUI):

É de facto verdade que o CPA "lançou o repto a várias organizações e clubes ligados diretamente ao autocaravanismo para reunirem e analisarem os vários pontos que a todos interessam com uma agenda aberta e sem conclusões que não fossem geradas por consenso", pois disso eu próprio sou testemunha, o que não quer dizer que o CPA o tenha, na minha opinião, feito então pelas "melhores" razões. E sabe o companheiro por que motivo "estas reuniões nunca se realizaram"? Porque alguém do CPA exigiu na altura que antes de qualquer reunião (!!) os clubes "convidados" (no caso em apreço o CGA, o CAS e o CAI) subscrevessem desde logo uma coisa denominada "declaração de princípios". E aí começou tudo a correr mal.” (sublinhados meus).


Os objectivos da confusão

Não vou analisar as considerações e juízos de valor de todo o texto que está colocado no Fórum do CampingCar Portugal porque na sua quase totalidade não contem mais que afirmações que pretendem justificar o injustificável e que apenas se destinam a propaganda política com três objectivos: 
  • Isolar o anterior Presidente da Direcção do CPA para que um maior número de pessoas interiorize que as políticas autocaravanistas do CPA apenas eram fruto de uma única e autoritária pessoa;
  • Adoçar a “boca” do actual Presidente da Direcção do CPA para que a FPA não encontre resistências (como se isso fosse possível!) e possa prosseguir com uma política autocaravanista divisionista e incompetente e (o não menos importante!):
  • Arregimentar os associados do CPA para se revoltarem e exigirem a filiação do CPA na FPA, conforme está escrito no 5º Comunicado de 26 de Maio de 2014 da FPA onde se apela, designadamente no trecho que transcrevo, ao seguinte: “ (…)  pertencendo a clubes de autocaravanismo que não são federados na FPA” exerçam a “ sua força de voto para, nas respetivas Assembleias Gerais, os conduzirem para a Federação que representa em exclusivo o autocaravanismo em Portugal” (ver AQUI) 
Portanto, não aprofundando estas considerações e juízos que têm objectivos bem definidos e fazem parte da estratégia da FPA como comprovo com documentos da própria FPA, há que denunciar que a menção feita pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPA relativamente à alegada exigência do então Presidente do CPA de terem obrigatoriamente o CGA (Clube Cardingo de Autocaravanas), o CAS (Clube Autocaravanista Saloio) e o CAI (Clube Autocaravanista Itinerante) de subscrever a “Declaração de Princípios” (ver AQUI), como contrapartida à realização de uma reunião, direi que é, para não utilizar uma expressão mais forte, simplesmente IRREALISTA. 

A verdade dos factos, que ou de forma intelectualmente desonesta ou devido a amnésia, o Presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPA deturpa, é a seguinte:

Em 26 de Março de 2011, por ocasião da Assembleia Geral do CPA, em conversa com o representante do CGA (actual Presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPA) e com a presença de um ainda actual Director do CPA (Vítor Andrade) fiz saber, em nome da Direcção do CPA, que estaríamos disponíveis para reunir com o CGA, o CAS e o CAI para que se encontrassem e analisassem eventuais formas de colaboração e de decisão, com base em princípios que não aceitassem a discriminação negativa do autocaravanismo.

Não escondo que no decorrer dessa conversa foi abordada a questão da “Declaração de Princípios” mas não fizemos (não fez o CPA) depender a reunião com as associações acima referidas da subscrição de qualquer documento.

Nessa conversa, de que fui obrigado a retirar-me antes de estar terminada, por motivos relacionados com a Assembleia Geral do CPA que estava a decorrer e com o cargo que então exercia, ficou o Director do CPA que me acompanhava de a finalizar e acordar pormenores para uma eventual reunião com os já referidos Clubes.

Algum tempo depois, em data que não posso precisar, fui informado pelo meu companheiro de Direcção que o representante do CGA, telefonicamente, lhe tinha transmitido a recusa de todas as associações em se reunirem com o CPA.


Proposta com dupla intenção

Em Junho desse mesmo ano, menos de 3 meses depois da proposta que o CPA fez em 26 de Março, (e este pormenor é importante para que se possa compreender a recusa da reunião das associações) tivemos conhecimento da constituição da FPA e, perante esta coincidência (?), não posso deixar de talvez injustamente considerar que a resposta negativa teve como principal razão estar em preparação a constituição da FPA já à data de 26 de Março.

Curiosamente, em Agosto desse mesmo ano veio por escrito a FPA (constituída há menos de dois meses) propor uma reunião com o CPA.

Vejamos estes factos à luz de uma estratégia para “aprisionar” o CPA:

A constituição da FPA foi motivada pela necessidade sentida por alguns ex-associados do CPA em se manterem ligados à FICM (Federation Internationale des Clubs de Motorhomes) de que o CPA se tinha desvinculado em Assembleia Geral onde os sócios consideraram que a FICM não servia nem os interesses do autocaravanismo, nem os interesses do CPA.

A proposta da FPA de se reunir com o CPA evidenciava uma estratégia com duplo objectivo; 
  • Se o CPA aceitasse a reunião com a FPA estava a reconhecer publicamente a necessidade da existência desta Federação (criada artificialmente), a aceitá-la como interlocutora e representante das associações que antes se tinham, segundo informação na altura do Presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPA, furtado ao diálogo; 
  • Se o CPA não aceitasse a reunião com a FPA seria acusada de fugir ao diálogo e consequentemente pôr em causa a defesa dos valores do autocaravanismo.



A RESPOSTA DO CPA
(Desmente o Presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPA)

No entanto o Presidente da Direcção da FPA teve a resposta coerente do CPA, uma resposta, por escrito, em que havia disponibilidade total para dialogar com as associações que no passado se tinham recusado a fazê-lo e nas mesmíssimas condições que em 26 de Março tínhamos proposto verbalmente.

Não se trata pois de um “diz que disse”, mas de afirmações consubstanciadas em documentos escritos à data dos acontecimentos, que provam que as afirmações do Presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPA não correspondem á realidade dos factos. E, ao invés de o admitir o Presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPA prossegue na deturpação da realidade, sem qualquer suporte credível. “NÃO ESTÁ ESCRITO, MAS FOI ASSIM QUE ACONTECEU”, é a única justificação avançada pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPA.


SEM INTERMEDIÁRIOS

Confrontado com uma realidade bem diferente daquela que apregoava o Presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPA avança com uma nova estratégia. Vem, sebastianicamente, como “salvador” do Movimento Autocaravanista de Portugal, manifestar a sua “disposição para contribuir para a tal "encontro de clubes e para a análise de eventuais formas de colaboração e de decisão".

Porquê só agora? A resposta já foi dada quando atrás são analisadas as estratégias da FPA em 2011. Vem o Presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPA ensaiar um novo caminho que permita à FPA aparecer como a entidade que contribui para a unidade, quando o que é evidente é que desde a sua criação a FPA promove o divisionismo.

Aceitar a intermediação do Presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPA é aceitar e reconhecer a alegada mais-valia da FPA e simultaneamente aceitar e reconhecer como boas as teses do Presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPA, não obstante se verificar precisamente o contrário.

Reafirmo que, tal como em 2011, continua a ser do interesse do Movimento Autocaravanista de Portugal que o CAI (Clube Autocaravanista Itinerante), o CAS (Clube Autocaravanista Saloio), o CGA (Clube Cardingo de Autocaravanas) e o CPA (Associação Autocaravanista de Portugal - CPA) se encontrem e analisem eventuais formas de colaboração e de decisão, com base em princípios que não aceitem a discriminação negativa do autocaravanismo.

Se cada uma destas associações assumir esse interesse colectivo, SEM INTERMEDIÁRIOS, será um sinal de maioridade, para o qual o CPA deve continuar a estar disponível, como o vem fazendo de forma coerente e responsável desde 2011.


NOTA:

Já depois deste texto de opinião estar escrito tomei conhecimento da posição assumida pelo Presidente da Direcção do CPA (ver AQUI):

A posição do CPA não se alterou. Embora as nossas duas anteriores iniciativas não tivessem sido aceites, mantemo-nos na disposição para reunir com os outros Clubes desde que solicitados para tal pelas respetivas Direções.

ENTENDA-SE: O CPA é uma associação responsável que continua a manter inalterável a posição que assumiu em 2011 e continua disponível para se reunir, sem intermediários, com o CAI, o CAS e o CGA.

CONCLUA-SE: Mudam os dirigentes, mas as políticas do CPA, enquanto o quiserem os sócios, mantêm-se.




(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) –  AQUI)


(A opinião das Quintas-feiras não é emitida nas próximas duas quintas-feiras,
 por ser respectivamente Dia de Natal e Dia de Ano Novo)

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