25 ANOS
Catorze campistas, entusiasmados com a mobilidade e conforto
que era proporcionado pelos veículos que iam adaptando à prática de um campismo
motorizado fundaram o Clube Português de Autocaravanas.
A ideia de um Clube apenas vocacionado para as autocaravanas
despontou em Setembro de 1988 no Parque de Campismo de Escaropim e afirmou-se
no decorrer do Acampamento de S. Martinho que se realizava no Parque de
Campismo de Santa Cruz em 1989.
Ana Catarina Santos,
Ana Maria Santos, Cipriano Gomes, Eduardo Silva Lopes, João
Tavares, Joaquim Malpique, Jorge Baeta, Manuel Carvalho, Manuel
Pinto Ribeiro, Mário Santos, Olga Baeta, Otília Malpique, Paula Baeta
e Vítor Tavares concretizaram essa
ideia no dia 25 de Janeiro de 1990.
Desde essa data e durante alguns anos a noção de
autocaravanismo esteve arredada das iniciativas do CPA, dos seus fundadores e
dos seus dirigentes. O CPA era uma associação campista que essencialmente
utilizava as autocaravanas como um meio para a prática do Campismo.
A evolução tecnológica das autocaravanas e o cada vez maior
conforto começou a trazer para esta modalidade pessoas que não emanavam do
campismo e, algumas dessas pessoas, também se não reviam nos rituais campistas,
apenas pretendendo utilizar a autocaravana para a prática de um turismo com
maior mobilidade, um turismo itinerante. Mas, tal como a televisão não
extinguiu o cinema, também o autocaravanismo, enquanto modalidade de turismo
itinerante, não acabou com o campismo em autocaravana. Dir-se-á mesmo que os
dois conceitos se cruzam e entrecruzam e que os rituais e valores cívicos do
chamado autocaravanismo (enquanto turismo itinerante) foram bebidos nos rituais
e valores cívicos do campismo.
Quando nos Encontros Autocaravanistas têm lugar os jantares
convívios (em que até por vezes os convivas animam o serão) estão a beber na
dinâmica do tradicional Fogo de Campo; quando os autocaravanistas trazem para a
mesa do jantar sobremesas típicas dos locais de origem, estão a evocar o que os
campistas tradicionalmente expressam numa simples frase: “Traga o seu e coma de todos”; quando num Encontro Autocaravanista
se dinamiza uma acção de solidariedade/caridade faz-se o que já nos princípios
do campismo (com Baden Powell) os campistas faziam noutra conjuntura: ajudar o próximo fazendo a boa acção do dia;
quando os autocaravanistas trocam através dos respectivos dirigentes
lembranças, galhardetes, crachás, estão a repetir o que os campistas já vêm
fazendo há muitos anos; quando nos Encontros Autocaravanistas se cantam os
hinos das respectivas associações (ou outros hinos exortando ao companheirismo,
à unidade, à amizade) estão a fazer exactamente o que fazem os campistas.
No que se refere aos valores cívicos e comportamentais uma
elevada percentagem das regras estabelecidas que os campistas, caravanistas e
autocaravanistas devem seguir são quase, senão mesmo iguais, às que o “Código Campista”, as “Boas práticas campistas”, a “Cartilha do Autocaravanista”, as “Regras de Ouro” ou o “Respeito Autocaravanista” preconizam
entre si. E são semelhantes ou iguais porquê? Porque as normas são regras de
civismo e, como tal, aplicam-se a qualquer cidadão.
Os dirigentes do CPA à medida que o autocaravanismo implodia
em número não puderam deixar de analisar desapaixonadamente o enquadramento das
autocaravanas e terão, possivelmente, compreendido que não obstante o chamado
autocaravanismo (enquanto turismo itinerante) beber nos rituais e valores cívicos
do campismo, existia uma diferença que se manifestava, essencialmente, no
individualismo e na temporalidade e diversidade de permanência num local.
Embora sem dados estatísticos concretos parece ser uma evidência que uma
maioria de autocaravanistas não se encontra inscritos em nenhuma associação, o
que pressupõe (salvo melhor opinião) um individualismo óbvio.
O CPA, conforme é público, sempre defendeu o autocaravanismo
em todas as vertentes, pelo que se tornava necessário uma “Declaração de Princípios”, (que veio a acontecer e que o CPA
subscreveu,) para defender o chamado autocaravanismo (enquanto turismo
itinerante) possibilitando que a temporalidade e a diversidade de permanência
num local não se confundissem com a prática de campismo na via pública. E,
sendo o autocaravanismo praticado com o veículo autocaravana não se poderia (não
se pode) aceitar que o Código da Estrada não fosse exercido, sem “Discriminação Negativa” das
autocaravanas, relativamente a veículos de igual gabarito. Mas, também, a
temporalidade e a diversidade de permanência num local implica a criação de
Áreas de Serviço para Autocaravanas que a “Declaração
de Princípios” sugere.
A dinâmica do CPA, que é reconhecida tanto a nível nacional
como internacional, a coerência, a assertividade, o empenho, a cada vez maior
capacidade institucional, justificaram, entre outros motivos, que seja uma
entidade incontornável no panorama do Movimento Autocaravanista de Portugal,
pelo que a denominação do CPA, a mais antiga associação autocaravanista do
nosso país, justificava-se que passasse a ser:
“ASSOCIAÇÃO AUTOCARAVANISTA DE PORTUGAL –
CPA”
Todos os dirigentes do CPA têm vindo a considerar que é na
Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal que as garantias, interesses e
direitos dos autocaravanistas em todas as vertentes poderão estar melhor
defendidos. Mas, essa defesa (que se verifica também no seio do CPA) não
abrange apenas os sócios da Associação Autocaravanista de Portugal – CPA.
25 anos depois da fundação, o CPA não olvida nem prescinde
dos associados que se reconhecem como campistas em autocaravana, mas também não
deixa de apontar todos os esforços para que os autocaravanistas que se
reconhecem como turistas em autocaravana tenham as condições mínimas essenciais
e não vejam os seus veículos Discriminados Negativamente.
VIVA O CPA!
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