NOVO ESTATUTO – NOVO
CONCEITO
MUDAR PARA RENOVAR E DINAMIZAR
Sempre considerei (e ainda continuo a considerar) que é na
Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP) que a defesa dos
interesses e direitos dos autocaravanistas se podem e devem defender e, por
isso mesmo, como queria e quero uma federação forte e moderna, entendo, que as
mudanças que se impunham passavam pelo apoio não só à eleição de responsáveis
(a todos os níveis) como por um Programa de Candidatura a que se obrigariam os
candidatos.
Não se suponha que o meu apoio é cego. É um apoio com os pés
bem assentes na terra e muito crítico, também porque só com críticas,
construtivas, é possível que as instituições se renovem e dinamizem.
Sendo necessário que a federação continue a crescer e a desenvolver-se
pelo que é imprescindível que se adapte às exigências do presente sem abdicar
dos valores com que cresceu.
A evolução tecnológica e um maior (actualmente pouco) poder
de compra dos cidadãos veio permitir que o material usado no campismo fosse
cada vez mais apto às exigências da modalidade campista e ao conforto dos
campistas. Estão nesse âmbito, porque também
pode ser considerado material campista, as caravanas e as autocaravanas.
AUTOCARAVANISMO É MAIS QUE UMA DISCIPLINA DO CAMPISMO
Tenho, no entanto, de afirmar que o conceito de que a
autocaravana é APENAS mais um
material exclusivamente campista é altamente redutor e não corresponde à realidade.
Como é evidente o veículo autocaravana é mais do que isso e, desde há já alguns
anos, existe no espirito de muitos e muitos autocaravanistas o sentimento de
que o autocaravanismo tem direito à autonomia e a ser, consequentemente, mais
do que uma disciplina do campismo como os Estatutos da FCMP afirmavam
Esta convicção de que o autocaravanismo é mais do que uma
disciplina do campismo e que deve ser, também, entendido como uma modalidade
autónoma, está já tão enraizada nos espíritos de muitos e muitos
autocaravanistas, que a Federação Internacional de Campismo e Caravanismo
alterou, recentemente, a respectiva denominação para Federação Internacional de
Campismo, Caravanismo e Autocaravanismo porque, tudo o leva a supor, quis
passar a mensagem de que compreendia TAMBÉM o novo conceito de autocaravanismo.
Além disso, deduzo, não quererá deixar no âmbito de outras federações, que se
reivindicam APENAS de autocaravanistas, o monopólio desta modalidade em franca
expansão.
UNIDADE NÃO É UM CONCEITO ABSTRACTO
Mas, há mais exemplos de adaptação aos tempos actuais:
Na nossa vizinha Espanha nasceu em 9 de Junho de 2007 a
Federación Española de Asociaciones Autocaravanistas - FEAA que inicialmente se
integrou na Federação Internacional de Clubes de Autocaravanas (FICM). Porém, em
determinado momento poderá essa federação espanhola autocaravanista ter
considerado que a FICM não oferecia garantias de defesa dos direitos e
interesses dos autocaravanistas pelo que terão aceitado o eventual convite da
Federação Internacional de Campismo, Caravanismo e Autocaravanismo (FICC) para
ser membro desta Federação.
Conclusão: Em Espanha existe uma federação autocaravanista (com
12 associações inscritas) que é reconhecida pela FICC. Porquê? Porque,
possivelmente, a Federação Espanhola de Clubes Campistas (FECC) não terá tido a
abertura suficiente para reconhecer e acolher o autocaravanismo como uma
modalidade com diversas vertentes, o que pode ter justificado a necessidade da
criação de uma federação autocaravanista.
O exemplo da Federação Internacional de Campismo,
Caravanismo e Autocaravanismo, que nos chega de Espanha (através do
reconhecimento pela FICC de uma federação autocaravanista) deve ter feito pensar
e repensar os dirigentes e as associadas da FCMP. Prosseguir uma ideologia, que
continuava a ser refletida nos Estatutos da FCMP, poderia conduzir, a curto
prazo, a um afastamento dos autocaravanistas que, não obstante querem continuar
na FCMP, não aceitavam que o autocaravanismo fosse entendido numa única
perspectiva e que fosse estatutariamente definido APENAS como uma disciplina do
campismo.
Em Portugal já foi (mal) criada uma Federação de
Autocaravanismo (FPA) que não tem a força e o reconhecimento da maioria
dos autocaravanistas. Adquirirem (ou não) mais força e reconhecimento poderá depender, e
muito, das deliberações que a FCMP tome relativamente ao autocaravanismo e que,
até agora, na prática, não têm tido nenhuma visibilidade.
As autonomias são imparáveis se não forem aceites e criadas as
condições que correspondam aos anseios legítimos dos autocaravanistas.
FCMP – UMA FEDERAÇÃO INCLUSIVA
É por isso que me regozijo com a ainda recente deliberação da
Assembleia Geral da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal que, aproveitando
as alterações Estatutárias que teve que fazer por imposição legal, alterou o
artigo 3º dos Estatutos substituindo o conceito de o autocaravanismo ser uma
disciplina do campismo. Foi encontrada uma terminologia que, sem fugir ao
enquadramento legal a que as federações desportivas estão sujeitas, veio considerar o autocaravanismo como podendo
ser uma modalidade diferente do campismo, mas sem prejuízo, porém, de também o
poder ser.
Os Estatutos da FCMP podem ser acedidos AQUI
Há aqui, nesta importante alteração substantiva, que
reconhecer os esforços e intervenção da Associação Autocaravanista de Portugal –
CPA cujos dirigentes demonstraram um corajoso respeito pelos princípios e
valores do CPA e do autocaravanismo ao elevaram a fasquia reivindicativa,
exigindo, através de uma proposta realista, que o autocaravanismo seja tratado
como uma modalidade com mais que uma vertente e não APENAS como uma disciplina
do campismo. (ver AQUI)
É através desta procura dos entendimentos que as mudanças se
vão operando, sem roturas, criando espaços onde todos os que usufruem da
actividade autocaravanista se sintam integrados e que fazem da Federação de
Campismo e Montanhismo de Portugal uma associação onde o diálogo, embora
difícil, se vai fazendo com resultados positivos para todos os
autocaravanistas, qualquer que seja a vertente que perfilhem.
(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do
Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o
autocaravanismo (e não só) – AQUI)
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