quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

NOVO ESTATUTO - NOVO CONCEITO




NOVO ESTATUTO – NOVO CONCEITO


MUDAR PARA RENOVAR E DINAMIZAR

Sempre considerei (e ainda continuo a considerar) que é na Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP) que a defesa dos interesses e direitos dos autocaravanistas se podem e devem defender e, por isso mesmo, como queria e quero uma federação forte e moderna, entendo, que as mudanças que se impunham passavam pelo apoio não só à eleição de responsáveis (a todos os níveis) como por um Programa de Candidatura a que se obrigariam os candidatos.

Não se suponha que o meu apoio é cego. É um apoio com os pés bem assentes na terra e muito crítico, também porque só com críticas, construtivas, é possível que as instituições se renovem e dinamizem.

Sendo necessário que a federação continue a crescer e a desenvolver-se pelo que é imprescindível que se adapte às exigências do presente sem abdicar dos valores com que cresceu.

A evolução tecnológica e um maior (actualmente pouco) poder de compra dos cidadãos veio permitir que o material usado no campismo fosse cada vez mais apto às exigências da modalidade campista e ao conforto dos campistas. Estão nesse âmbito, porque também pode ser considerado material campista, as caravanas e as autocaravanas.


AUTOCARAVANISMO É MAIS QUE UMA DISCIPLINA DO CAMPISMO

Tenho, no entanto, de afirmar que o conceito de que a autocaravana é APENAS mais um material exclusivamente campista é altamente redutor e não corresponde à realidade. Como é evidente o veículo autocaravana é mais do que isso e, desde há já alguns anos, existe no espirito de muitos e muitos autocaravanistas o sentimento de que o autocaravanismo tem direito à autonomia e a ser, consequentemente, mais do que uma disciplina do campismo como os Estatutos da FCMP afirmavam

Esta convicção de que o autocaravanismo é mais do que uma disciplina do campismo e que deve ser, também, entendido como uma modalidade autónoma, está já tão enraizada nos espíritos de muitos e muitos autocaravanistas, que a Federação Internacional de Campismo e Caravanismo alterou, recentemente, a respectiva denominação para Federação Internacional de Campismo, Caravanismo e Autocaravanismo porque, tudo o leva a supor, quis passar a mensagem de que compreendia TAMBÉM o novo conceito de autocaravanismo. Além disso, deduzo, não quererá deixar no âmbito de outras federações, que se reivindicam APENAS de autocaravanistas, o monopólio desta modalidade em franca expansão.


UNIDADE NÃO É UM CONCEITO ABSTRACTO

Mas, há mais exemplos de adaptação aos tempos actuais:

Na nossa vizinha Espanha nasceu em 9 de Junho de 2007 a Federación Española de Asociaciones Autocaravanistas - FEAA que inicialmente se integrou na Federação Internacional de Clubes de Autocaravanas (FICM). Porém, em determinado momento poderá essa federação espanhola autocaravanista ter considerado que a FICM não oferecia garantias de defesa dos direitos e interesses dos autocaravanistas pelo que terão aceitado o eventual convite da Federação Internacional de Campismo, Caravanismo e Autocaravanismo (FICC) para ser membro desta Federação.

Conclusão: Em Espanha existe uma federação autocaravanista (com 12 associações inscritas) que é reconhecida pela FICC. Porquê? Porque, possivelmente, a Federação Espanhola de Clubes Campistas (FECC) não terá tido a abertura suficiente para reconhecer e acolher o autocaravanismo como uma modalidade com diversas vertentes, o que pode ter justificado a necessidade da criação de uma federação autocaravanista.

O exemplo da Federação Internacional de Campismo, Caravanismo e Autocaravanismo, que nos chega de Espanha (através do reconhecimento pela FICC de uma federação autocaravanista) deve ter feito pensar e repensar os dirigentes e as associadas da FCMP. Prosseguir uma ideologia, que continuava a ser refletida nos Estatutos da FCMP, poderia conduzir, a curto prazo, a um afastamento dos autocaravanistas que, não obstante querem continuar na FCMP, não aceitavam que o autocaravanismo fosse entendido numa única perspectiva e que fosse estatutariamente definido APENAS como uma disciplina do campismo.

Em Portugal já foi (mal) criada uma Federação de Autocaravanismo (FPA) que não tem a força e o reconhecimento da maioria dos autocaravanistas. Adquirirem (ou não) mais força e reconhecimento poderá depender, e muito, das deliberações que a FCMP tome relativamente ao autocaravanismo e que, até agora, na prática, não têm tido nenhuma visibilidade.

As autonomias são imparáveis se não forem aceites e criadas as condições que correspondam aos anseios legítimos dos autocaravanistas.


FCMP – UMA FEDERAÇÃO INCLUSIVA

É por isso que me regozijo com a ainda recente deliberação da Assembleia Geral da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal que, aproveitando as alterações Estatutárias que teve que fazer por imposição legal, alterou o artigo 3º dos Estatutos substituindo o conceito de o autocaravanismo ser uma disciplina do campismo. Foi encontrada uma terminologia que, sem fugir ao enquadramento legal a que as federações desportivas estão sujeitas, veio considerar o autocaravanismo como podendo ser uma modalidade diferente do campismo, mas sem prejuízo, porém, de também o poder ser.

Os Estatutos da FCMP podem ser acedidos AQUI

Há aqui, nesta importante alteração substantiva, que reconhecer os esforços e intervenção da Associação Autocaravanista de Portugal – CPA cujos dirigentes demonstraram um corajoso respeito pelos princípios e valores do CPA e do autocaravanismo ao elevaram a fasquia reivindicativa, exigindo, através de uma proposta realista, que o autocaravanismo seja tratado como uma modalidade com mais que uma vertente e não APENAS como uma disciplina do campismo. (ver AQUI)

É através desta procura dos entendimentos que as mudanças se vão operando, sem roturas, criando espaços onde todos os que usufruem da actividade autocaravanista se sintam integrados e que fazem da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal uma associação onde o diálogo, embora difícil, se vai fazendo com resultados positivos para todos os autocaravanistas, qualquer que seja a vertente que perfilhem.


(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) –  AQUI)

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