segunda-feira, 4 de maio de 2015

Poesia de… José Mário Branco




EU VIM DE LONGE

Quando o avião aqui chegou
Quando o mês de maio começou
Eu olhei para ti
Então eu entendi
Foi um sonho mau que já passou
Foi um mau bocado que acabou

Tinha esta viola numa mão
Uma flor vermelha n´outra mão
Tinha um grande amor
Marcado pela dor
E quando a fronteira me abraçou
Foi esta bagagem que encontrou

Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei p´ra´qui chegar
Eu vou p´ra longe
P´ra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos p´ra nos dar
                                                          
E então olhei à minha volta
Vi tanta esperança andar à solta
Que não exitei
E os hinos cantei
Foram frutos do meu coração
Feitos de alegria e de paixão

Quando a nossa festa s´estragou
E o mês de novembro se vingou
Eu olhei p´ra ti
E então entendi
Foi um sonho lindo que acabou
Houve aqui alguém que se enganou

Tinha esta viola numa mão
Coisas começadas noutra mão
Tinha um grande amor
Marcado pela dor
E quando a espingarda se virou
Foi p´ra esta força que apontou





José Mário Monteiro Guedes Branco mais conhecido por José Mário Branco (Porto, 25 de Maio de 1942) é um músico e compositor (cf. cantautor) português.

Filho de professores primários, cresceu no Porto e iniciou o curso de História, na Universidade de Coimbra, não o terminando. Expoente da música de intervenção portuguesa, iniciou a sua carreira durante o Estado Novo, tendo sido perseguido pela PIDE até se exilar em França, em 1963. Com ele trabalharam José Afonso, Sérgio Godinho, Luís Represas, Fausto e Camané, entre outros, com os quais participou em concertos ou em álbuns editados como cantautor e/ou como responsável pelos arranjos musicais. Igualmente compôs e cantou para o teatro, o cinema e a televisão. Em 1974 regressou a Portugal e fundou o Grupo de Acção Cultural - Vozes na Luta!, com o qual gravou dois álbuns.

Entre música de intervenção, fado e outras, são obras suas famosas os discos Ser Solidário, Margem de Certa Maneira, A noite e o emblemático FMI, obra síntese do movimento revolucionário português com seus sonhos e desencantos. Esta última foi pelo próprio proibida de passar em qualquer rádio, TV ou outro tipo de exibição pública. Não obstante este facto, FMI será, provavelmente, a sua obra mais conhecida. O seu álbum mais recente, lançado em 2004, intitula-se Resistir é Vencer em homenagem ao povo timorense que resistiu durante décadas à ocupação pelas forças da Indonésia logo após o 25 de Abril. O ideário socialista está expresso em muitas das suas letras.

Em 2006, com 64 anos, José Mário Branco iniciou uma licenciatura em Linguística, na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Terminou o 1º ano com média de 19,1 valores, sendo considerado o melhor aluno do seu curso. Desvalorizou a Bolsa de Estudo por Mérito que lhe foi atribuída, dizendo que é «algo normal numa carreira académica».

Em 2009 voltou às actuações públicas com dois concertos intitulados Três Cantos, juntando «referências não só musicais mas também poéticas do que é cantar em português»: José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto


Fonte: Wikipédia – A Enciclopédia Livre

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