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O ESPÍRITO DO FOGO
O FOGO que alimenta o COMPANHEIRISMO
Desde tempos imemoriais que o Homem, primeiro, teve um temor
reverencial pelo fogo, posteriormente, controlou-o e esse controlo contribuiu
para o desenvolvimento da civilização.
As civilizações primitivas usaram o fogo, inicialmente para
afastar o negrume da noite (e os temores que o invisível escondia), depois para
afastarem os animais selvagens e para se protegerem das noites frias. Ao longo
da história da humanidade e até aos nossos dias o fogo veio tendo outras
aplicações, podendo-se, com a convicção que a evidência demonstra, afirmar que
sem o fogo poderíamos não ter chegado ao estágio civilizacional em que nos
encontramos.
Mesmo em termos religiosos é aceite que o fogo pode contribuir
para actos de purificação ou de castigo. O fogo ou é um amigo ou um poderoso
inimigo. O fogo é encarado como um símbolo, roubado aos deuses segundo a
mitologia, com origem em poderes superiores e em forças ocultas.
A necessidade de sobrevivência perante uma natureza hostil
obrigou o Homem a viver em sociedade e, nómadas ou sedentários, os homens após
regressarem das caçadas ou dos campos, juntavam-se em redor do fogo para
comerem, falarem das actividades desse dia, contarem histórias e experiências e
partilharem, antes de adormecerem junto à fogueira, os sonhos de uma vida
melhor.
Esses hábitos adquiridos ao longo de milhares e milhares de
anos foram sendo perpetuados, embora de formas diferentes, nas aldeias, nas
cidades, através dos colectivos familiares, sentados à volta da lareira. Não
obstante a existência de aquecedores eléctricos ou a gaz verifica-se que em
muitas casas a lareira é uma peça, tantas vezes só ornamental, mas que alguns
desejam ter porque só assim sentem um verdadeiro conforto interior.
Poder-se-á dizer que à noite o fogo protege, alimenta o
espirito e contribui para que os homens comunguem de um mesmo espirito de
companheirismo. O mesmo companheirismo sem o qual não teriam, nos tempos
difíceis dos inícios do mundo, sobrevivido enquanto espécie.
O FOGO e o sentir das ORIGENS
O Homem moderno, nomeadamente aquele que vive em médias e
grandes urbes, sente periodicamente o desejo de regressar às origens, ao seio
de uma natureza mais selvagem e, assim, sair da rotina e libertar-se de algumas convenções sociais que a vida citadina impõe. Desse desejo nasce também o campismo
moderno.
Sendo o Homem um ser eminentemente social também o campismo
é praticado, normalmente, em grupo. O campismo associativo, com múltiplas
actividades praticadas ao ar livre, com tantas emoções fortes que excitam, com
passeios, com risos, gargalhadas, alegrias, ao fim de um dia, em que o cansaço
convida ao descanso, sente-se, ao anoitecer, a nostalgia e a necessidade de um
convívio sereno, com as estrelas por teto, com todo o grupo à volta de uma
fogueira, cujas chamas bruxuleantes, aqui e ali, quebram o negrume da noite e
iluminam ténues as faces dos participantes.
É o “Fogo de Campo”.
O FOGO e a TRADIÇÃO
O “Fogo de Campo” que reconstitui uma tradição com milhares
de anos, praticada pelos nossos mais ancestrais antepassados.
É também na continuação dessa tradição milenar que, depois
de jantar, muitas e muitas famílias, junto às lareiras ou em frente á televisão
(a fogueira dos tempos modernos) relaxam, trocam alguns dedos de conversa, fazem
balanços e se preparam para um novo dia.
É este acalmar da excitação de um dia pleno, em que se
procura repousar colectivamente os espíritos e comunicar mutuamente através de
uns momentos mais suaves de um são e alegre convívio, que o "Fogo de Campo" vem
proporcionar. Não se trata de um espectáculo, em que uns representam para
gáudio de uma maioria. Nessa verdadeira comunhão cada um é participante, para
que quando a fogueira se extinguir, a noite prevalecer sobre a luz das chamas e
o silêncio cair, cada um adormeça irmanado de paz e de um interiorizado
sentimento do significado intrínseco da palavra Companheiro.
O FOGO no IMAGINÁRIO autocaravanista
As alterações sociais e tecnológicas, que alteraram
igualmente os comportamentos humanos, deram novas formas ao “Fogo de Campo”
que, curiosamente, coexistem ainda com as antigas manifestações. Embora com o
mesmo simbolismo o Homem traz para o conforto das casas o “Fogo de Campo”. São sucedâneos
do “Fogo de Campo” as lareiras eléctricas e é a vela colocada sobre a mesa
onde, em redor, se alimenta o corpo e o espirito através do convívio. Um “Fogo
de Campo” diferente, adaptado às circunstâncias, mas onde se sente o mesmo
espirito que desde há milhares de anos junta o Homem em redor do Fogo.
Em redor dessas novas formas de “Fogo de Campo”, mas com
manifestações idênticas, se juntam os autocaravanistas nos seus Encontros. Em
pequenos grupos, escondidos entre duas ou três autocaravanas ou em grandes
grupos, numa qualquer sala de um qualquer restaurante. Realce-se que nesses
Encontros Autocaravanistas não é utilizado o conceito de “jantar com espectáculo”,
mas, sempre, “jantar com animação”. O espirito é de comunhão, de participação,
em torno de um “Fogo de Campo”, mesmo que só existente no imaginário de cada
um.
O FOGO que UNE os autocaravanistas
Compreender que a satisfação das necessidades espirituais do
Homem primitivo continua actual e, embora em formatos diferentes, expressa-se muito
em redor do calor, real ou simbólico, que nos transmite o “Fogo de Campo”, é
assumir que o autocaravanismo expresso essencialmente na vertente turística não
é TOTALMENTE independente do autocaravanismo entendido como uma actividade
campista o que é uma evidência para os que reflectem e se preocupam com esta
modalidade.
Esta compreensão das origens do “Fogo de Campo”, não obstante as alterações de formato que as circunstâncias justificam, pode ser mais um dos motivos porque a “Associação Autocaravanista de Portugal – CPA” e a “Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal” reconhecem o autocaravanismo nas suas diferentes vertentes e que o vêm expressando publicamente. Um exemplo a seguir.
Esta compreensão das origens do “Fogo de Campo”, não obstante as alterações de formato que as circunstâncias justificam, pode ser mais um dos motivos porque a “Associação Autocaravanista de Portugal – CPA” e a “Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal” reconhecem o autocaravanismo nas suas diferentes vertentes e que o vêm expressando publicamente. Um exemplo a seguir.
(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do
Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o
autocaravanismo (e não só) – AQUI).
ESCLARECIMENTO
No período compreendido entre 1 de Junho e 30 de Setembro de
2015 a habitual “Opinião das Quintas-feiras” fica suspensa.
Nas páginas do Facebook, no mesmo período, não serão
colocados “postes”.
O Blogue “Papa Léguas Portugal AUTOCARAVANISMO” continuará, sem interrupção, a produzir
informação diária.
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