1º Congresso Mundial da FICC (Em Lisboa)

Imagem obtida no Portal da FICC

1º Congresso Mundial da FICC

(Em Lisboa)

Pedido:

Este artigo de opinião destina-se a pessoas com hábitos de leitura que vão além dos títulos e de revistas com pouco texto e muitas fotos. Se não é o seu caso, por favor, pare de ler.

O “1º Congresso Mundial da FICC” (“Federação Internacional de Campismo, Caravanismo e Autocaravanismo”), que se realizará em Lisboa, de 21 a 23 de Novembro de 2018, subordinado ao tema “O futuro do turismo e do campismo é agora”, (ver AQUI) PODERÁ constituir um importante acontecimento para os autocaravanistas, independentemente de se reconhecerem ou como Autocaravanistas Turistas ou como Autocaravanistas Campistas ou como ambos.

Que este 1º Congresso se realize em Portugal nada tem de surpreendente considerando que Portugal tem sido na actualidade o melhor destino turístico, além de, o que em si mesmo não será o mais importante, o Presidente da FICC ser português.

1º DIA

O primeiro dia do Congresso será reservado aos membros do Conselho e das Comissões da FICC. Principio por realçar que apenas são conhecidos os nomes das personalidades que presidem às Comissões; prossigo, congratulando-me que um desses nomes (o da Comissão da Juventude) seja português; lamento que na “Comissão de Caravanismo Motorizado” não seja referido nenhum nome de nenhum país do sul da Europa.

Caso pudesse estar presente na reunião da “Comissão de Autocaravanismo Motorizado” da FICC não deixaria de lhes recordar o seguinte:

• O Conselho da FICC subscreveu, em Agosto de 2011, em Praga, a “Declaração de Princípios da Plataforma de Unidade”, que lhes foi presente pela “Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal” e pelo “Clube Português de Autocaravanas”.
• A “Comissão de Caravanismo Motorizado” da FICC tomou conhecimento em Abril de 2013, em Zadar (Croácia), da situação de discriminação negativa de que eram vítimas os autocaravanistas portugueses (ver AQUI) através de uma intervenção, seguida da entrega de um relatório, do representante do CPA presente.

A pergunta que se impõe, na sequência do atrás dito, é a seguinte:

• Sete anos passados sobre o compromisso assumido pela FICC e cinco sobre a entrega presencial de um Relatório à “Comissão de Caravanismo Motorizado”, que acções desenvolveu a FICC e ou a “Comissão de Caravanismo Motorizado” directamente ou através das suas federadas, nomeadamente das federadas em Portugal, “Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal” e “Automóvel Clube de Portugal”?

2º DIA

No 2º dia do Congresso, um dia em que os autocaravanistas ou os seus representantes podem estar presentes se pagarem pelo menos 80 euros, é abordada de alguma forma a temática autocaravanista, na parte III (Mudanças no Campismo), com uma intervenção de Jose Gonzales sobre “sites de autocaravanas, áreas de Serviço e impacto económico no turismo”.

Eu espero que Jose Gonzales, conhecedor profundo da realidade do Movimento Autocaravanista da Península Ibérica, não silencie a discriminação negativa dos veículos autocaravanas relativamente ao direito de estacionarem na via pública, com ou sem pessoas no interior, em igualdade de tratamento com veículos de semelhante dimensão e peso, como sendo um factor negativo para o turismo.

Simplificando:

• Que fale de questões concretas que preocupam os turistas que se deslocam em autocaravana.
• Que defenda a “Declaração de Princípios” que o Conselho da FICC subscreveu em Agosto de 2011.
• Que exorte as entidades federadas na FICC a oporem-se publicamente à discriminação negativa dos veículos autocaravanas.
• Que reconheça que o autocaravanismo contribui para o Desenvolvimento Local e que nesse sentido devem ser dados os passos necessários para a colaboração entre os autocaravanistas enquanto consumidores e os produtores e respectivas associações.
• Que aponte caminhos para que na defesa do ambiente as organizações de base dos autocaravanistas sejam chamadas a colaborar.
• Que considere que o Campismo em Autocaravana (não o estacionamento) fora dos locais em que é permitido deve ser fortemente penalizado.

Também neste momento se impõe uma pergunta: Alguém sabe o que é feito da Comissão de Autocaravanismo da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal? (ver AQUI). Alguém conhece as posições autocaravanistas que assumiu sobre este Congresso?

3º DIA

O 3º dia do Congresso terminará, como é normal, com o Encerramento Oficial, em que serão divulgadas as conclusões e em que o Presidente da FICC se dirigirá aos presentes, num cerimonial em que é espectável que assistam entidades governamentais e representantes de Câmaras Municipais e´, também, órgãos de Comunicação Social.

Há pois, nesta Sessão de Encerramento, uma oportunidade única, se para tanto houver coragem, de o Presidente da FICC dar a conhecer a posição desta Confederação Internacional sobre o autocaravanismo na perspectiva da Declaração de Princípios que subscreveu.

No ínicio deste texto escrevi que o “1º Congresso Mundial” da FICC PODERÁ constituir um importante acontecimento para os autocaravanistas.

ESTAREI ENGANADO? No dia 24 logo saberemos.

NOTAS:

Concordo que este Congresso constitui um reconhecimento do turismo em Portugal.

Não desconheço que este Congresso por ser mais abrangente não pode dirigir as intervenções prioritariamente para o autocaravanismo. Nem isso querem os autocaravanistas. Mas, também não desconheço que o campismo que se pratica na maioria esmagadora dos Parques nada tem de campismo.

Salvo melhor opinião as partes 1, 2 e 3 do 2º dia do Congresso são direccionadas para os aspectos comerciais do “campismo”. Nada tenho contra. Contudo, há valores que se não podem submeter aos interesses economicistas do mercado (ou mercados). A Declaração de Princípios é um desses valores.

Gostaria de estar presente no Congresso e questionar os responsáveis da FICC nos vários níveis de responsabilidade, contudo, além de o custo que este gosto me faria despender ser elevado, também não teria garantias que pudesse fazer este tipo de intervenção na totalidade.

(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) – AQUI)