segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Poesia de… Sebastião da Gama




QUANDO EU NASCI


Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.
           
Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu
nem houve estrelas a mais…
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém…
para que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha mãe.


(Sebastião da Gama – 1924-1952)






Sebastião Artur Cardoso da Gama (Vila Nogueira de Azeitão, 10 de abril de 1924 — Lisboa, 7 de fevereiro de 1952) foi um poeta e professor português.

Sebastião da Gama licenciou-se em Filologia Românica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa1 , em 1947.

Foi professor em Lisboa, na Escola Industrial e Comercial Veiga Beirão, em Setúbal, na Escola Industrial e Comercial (atual Escola Secundária Sebastião da Gama) e, em Estremoz, na Escola Industrial e Comercial local.

Colaborou nas revistas Árvore e Távola Redonda.

A sua obra encontra-se ligada à Serra da Arrábida, onde vivia e que tomou por motivo poético de primeiro plano (desde logo no seu livro de estreia, Serra-Mãe, de 1945), e à sua tragédia pessoal, motivada pela doença que o vitimou precocemente, a tuberculose.

Uma carta sua, enviada em agosto de 1947, para várias personalidades, a pedir a defesa da Serra da Arrábida, constituiu a motivação para a criação da LPN Liga para a Protecção da Natureza, em 1948, a primeira associação ecologista portuguesa.

O seu Diário, editado postumamente, em 1958, é um interessantíssimo testemunho da sua experiência como docente e uma valiosa reflexão sobre o ensino.

As Juntas de Freguesia de São Lourenço e de São Simão, instituíram, com o seu nome, um Prémio Nacional de Poesia. No dia 1 de junho de 1999, foi inaugurado em Vila Nogueira de Azeitão, o Museu Sebastião da Gama, destinado a preservar a memória e a obra do Poeta da Arrábida, como era também conhecido.

Faleceu vitima de tuberculose renal, de que sofria desde adolescente.

Obras Publicadas em vida

Poesia
Serra-Mãe. Lisboa: Portugália Editora, 2013
Loas a Nossa Senhora da Arrábida. Com Miguel Caleiro. Lisboa: Imprensa Artística, 1946
Cabo da Boa Esperança. Lisboa: Portugália Editora, 1947
Campo Aberto. Lisboa: Portugália Editora, 1951

Prosa
A Região dos Três Castelos. Azeitão: Transportadora Setubalense, 1949.

Obras Publicadas postumamente
Pelo Sonho é que Vamos, 1953
Diário, 1958
Itinerário Paralelo, 1967.

Compilado por David Mourão-Ferreira
O Segredo é Amar, 1969
Cartas I, 1994

Fonte: Wikipédia – A enciclopédia livre


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