quinta-feira, 2 de abril de 2015

OS AIS


Imagem do Blogue “AdrenAline” 


OS AIS

Em Fevereiro de 2014 (ver AQUI) recordei um texto que escrevi em 2009 e que intitulei “Os ais dos Autocaravanistas”.

Mais de um ano depois “Os ais dos Autocaravanistas” continuam-se a ouvir, mas agora acompanhados de “Os ais da FPA”.


Nascida para dividir

A minha discordância com a FPA, a começar na sua criação, é bem evidente e assenta em questões muito concretas que o passar do tempo vem confirmando como correctas. A falta de maturação de um projecto que alguns acreditavam transformar-se numa vaga de fundo do Movimento Autocaravanista de Portugal contribuiu para dividir os autocaravanistas e descredibilizar o Movimento, tornando-o mais enfraquecido.

Porque os autocaravanistas são, em Portugal, uma minoria, o caminho deveria ter sido outro: A constituição de uma Plataforma de Unidade, inorgânica, a que poderiam aderir as associações com personalidade jurídica vocacionadas essencialmente para o autocaravanismo.

O caminho da divisão foi, no entanto, o que uma parte (pequena) do Movimento Autocaravanista de Portugal considerou o que melhor serviria os interesses dos autocaravanistas. Quatro anos depois da concretização dessa divisão, com a constituição da FPA, quais têm sido os benefícios para os autocaravanistas?


Que orientação autocaravanista para Portugal?

Presentemente os autocaravanistas, quando praticando uma actividade não-campista, têm um documento orientador da politica autocaravanista (a Declaração de Princípios) que, graças à visão de futuro de muitas entidades interessadas nas questões do autocaravanismo que a subscreveram, já é tema de conversa e de análise a nível internacional. Não sendo uma lei, como é mais que óbvio, é um documento de reflexão que vem contribuindo, embora lentamente, para fazer compreender às autarquias e à sociedade, que os autocaravanistas são pessoas de bem que se querem reger por princípios. Poucos serão os autocaravanistas que desconhecerão a existência da Declaração de Princípios.

A pergunta que cada autocaravanista deve fazer a si próprio e a que deve responder honestamente é a seguinte: Onde está o documento (ou documentos) em que a FPA define a orientação de política autocaravanista para Portugal?

Na realidade a FPA é criada sem ter subjacente um Projecto político autocaravanista que a defina. E porque assim se continua a verificar a FPA está ao nível de qualquer outra associação de base dedicando-se, de forma bem visível, aos aspectos lúdicos do autocaravanismo (que também são importantes) mas que não podem ser a razão principal e muito menos única, pelos quais se justifica a existência de uma Federação.


Com o imediato alcançar o mediático

A imaturidade da FPA, a falta de visão do futuro do Movimento Autocaravanista, fá-la correr atrás do imediato e do mediático:

Escreve cartas “a torto e a direito” banalizando desta forma, sem resultados positivos, a intervenção que uma Federação consciente deve ter. Não tendo capacidade de “acudir a todos os fogos”, e não voltando a questionar as entidades com quem inicialmente contacta, a FPA “deita foguetes e corre em todas as direcções para apanhar as canas”;

Não define, a FPA, dois ou três objectivos de intervenção, concentrando esforços nesses objectivos, pelo que se dispersa e acorre muito, pondo-se em bicos de pés, às questões mais mediáticas, que publicita, sem posteriormente vir dar conhecimento dos resultados obtidos;

Programa, apressadamente, no âmbito de política autocaravanista que não tem, umas “Jornadas Autocaravanistas” em que se predispôs a assumir os conteúdos que nessas Jornadas fossem aprovados, o que em si mesmo é um indicativo de quem não tem quaisquer projectos, pois nem sequer elabora um documento de trabalho orientador a apresentar. A FPA já só pretende apenas sobreviver, nem que para isso tenha que seguir os caminhos que do exterior lhe ditem;

Não obstante as Jornadas terem estado condenadas ao fracasso decide (erradamente) cancelá-las, alegando em Comunicado que o faz porque ninguém responde aos apelos de participação. A FPA não consegue compreender que o fracasso ou êxito de um evento desta natureza se não mede pela quantidade de participantes, mas pela qualidade dos mesmos e, muito especialmente, pelo enquadramento e justificação dos objectivos defendidos que transmitam uma mensagem assertiva a ser interiorizada pelo maior número de autocaravanistas. Se a FPA não acredita em si mesma, independentemente de poder estar em minoria e se nada tem para oferecer, como podem os autocaravanistas acreditar na FPA?

Por último e mais recentemente a FPA anuncia o cancelamento por indisponibilidade de horário do evento que tinha apressadamente divulgado que se iria realizar no auditório da “NAUTICAMPO 2015”. Uma análise fria das razões deste cancelamento só se explicam porque a FPA não confirmou e/ou não aguardou por confirmação dos serviços da NAUTICAMPO para, só então, divulgar o evento que se propunha realizar. Se em tão insignificante procedimento (aguardar pela confirmação de disponibilidade de um espaço num determinado horário) a FPA não teve capacidade para o resolver racionalmente… que capacidade tem para resolver assuntos mais sérios?



E de cancelamento em cancelamento se vai até ao cancelamento final da FPA.




(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) –  AQUI)

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