quinta-feira, 7 de novembro de 2013

ESTAMOS LIXADOS?!



ESTAMOS LIXADOS?!

(Leitura sem interesse para os autocaravanistas que estão interessados em porco no espeto)


O deputado do PSD José Mendes Bota está na corrida ao cargo de presidente do Turismo de Portugal, a par de João Cotrim de Figueiredo e Pedro Miguel Moreira. Os nomes dos três candidatos foram enviados nesta quinta-feira ao Governo pela Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública (Cresap).

(Informação divulgada na Secção de Economia de “O Público” em 31 de outubro de 2013)

Em 13 de Maio de 2009, o deputado do PSD José Mendes Bota e também o ex-deputado Nuno da Câmara Pereira apresentaram na Assembleia da Republica o Projeto Lei 778/X que “Cria o regime relativo às condições de circulação, parqueamento e estacionamento de autocaravanas”.

Esse Projeto Lei 778/X implementava, através do Artigo 5º, a “guetização” dos veículos autocaravanas e foi, à época, denunciado por um número significativo (quanto a mim) de autocaravanistas.

Toda esta história está devidamente explicada no Comunicado 2012/17, de 9 de agosto, da “Associação Autocaravanista de Portugal – CPA”, documento que terá chegado ao conhecimento do Deputado José Mendes Bota.

Nesse Comunicado do CPA está devidamente transcrito um trecho de uma carta enviada ao Deputado José Mendes Bota por uma federação portuguesa (com duas (?) associadas, representando, com muito boa vontade, 150 autocaravanistas) e cujo teor não oferece dúvidas como se pode verificar:

Recordamos ainda a reunião em que VExa (o Deputado José Mendes Bota) teve a amabilidade de nos receber e da qual ficámos com a convicção de que poderíamos contar com o seu apoio para reacender aquele projecto, eventualmente incorporando as sugestões contidas no documento que vos apresentámos.” (sublinhados e esclarecimento meus).

Não quis o Deputado José Mendes Bota, segundo se depreende de um trecho de um Comunicado dessa referida federação, que também é público e datado de 15 de janeiro de 2013, reacender aquele seu antigo projeto, pelas razões que outros, que não eu, lhe atribuíram, conforme se pode ler:

Com boas intenções (de que está o inferno cheio!) divulgámos a nossa actividade e o resultado foi a publicação de pelo menos um comunicado de um dos clubes portugueses de autocaravanismo, que foi enviado para as forças políticas envolvidas, que se “assustaram” com a possível polémica e “saíram de cena”.” (sublinhados e comentário meus).

Perante uma afirmação desta natureza, por parte de uma federação portuguesa (com duas (?) associadas, representando, com muito boa vontade, 150 autocaravanistas), afirmação de que as forças politicas envolvidas se assustaram, só me (nos) resta olhar com douta veneração e respeito para uma associação – o CPA – que tem a capacidade e o poder de assustar forças políticas representativas da soberania nacional e, assim, obriga-las a abandonar os seus eventuais projetos legislativos… por medo. Ah! Grande CPA!

Afirmações destas, por parte de uma entidade que pretende representar o autocaravanismo em Portugal, são ri--cu-las.

Antes de prosseguir quero afirmar que nada me move contra a pessoa do Dr. José Mendes Bota, que conheci superficialissimamente numa reunião na Assembleia da República e que já desempenhou, no âmbito do turismo, os cargos de Presidente da Subcomissão Parlamentar de Turismo (2005 a 2009) e é, presentemente, membro do Grupo de Trabalho - Turismo

Mas, o que está em causa é o pensamento politico do Deputado José Mendes Bota sobre a temática autocaravanista, nomeadamente a filosofia inerente ao já mais que falado Artigo 5º do Projeto Lei 778/X, projeto que, felizmente, foi reprovado na Assembleia da República.

A sua eventual nomeação para Presidente do Turismo de Portugal poderá vir a constituir um óbice a uma eventual e progressiva implementação da igualdade de tratamento do veículo autocaravana em comparação com outros veículos de igual gabarito, caso o seu pensamento político nesta matéria se não altere.

Mas, perguntarão, qual é a importância do Turismo de Portugal no que concerne ao nicho de mercado turístico de que o autocaravanismo é protagonista? Teremos, para responder a essa pergunta, que conhecermos a Resolução do Conselho de Ministros 24/2013 de 16 de abril (ver AQUI) que transcrevemos parcialmente:

Nos termos da alínea g) do artigo 199.º da Constituição, o Conselho de Ministros resolve:

1 - Aprovar a revisão do Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT) para 2013-2015, que constitui o anexo I à presente resolução, da qual faz parte integrante.

2 - Determinar que o Turismo de Portugal, I.P., é a entidade competente para implementar o presente Plano e promover a articulação entre todas as entidades públicas com vista à sua concretização.

3 - Criar a Comissão de Orientação Estratégica para o Turismo (COET), que é constituída pelos seguintes elementos:
a) Primeiro-Ministro, que preside;
b) Ministro de Estado e das Finanças;
c) Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros;
d) Ministro da Administração Interna;
e) Ministro da Economia e do Emprego;
f) Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território;
g) Ministro da Saúde;
h) Ministro da Educação e Ciência;
i) Membros dos Governos regionais dos Açores e da Madeira responsáveis pela área do turismo.

4 - Estabelecer que a COET é uma estrutura de reflexão que tem como objetivos:
a) Conferir à ação governativa uma orientação estratégica de caráter global para o setor do turismo tendo em conta a sua importância para a economia nacional;
b) Criar mecanismos de coordenação interdepartamental para a melhor definição e execução da estratégia para o setor do turismo.

5 - Determinar que podem ainda participar nas reuniões da COET, por indicação do Primeiro-Ministro, representantes de outras entidades ou personalidades de reconhecido mérito do setor do turismo.

6 - Estabelecer que compete ao Primeiro-Ministro a convocação das reuniões do COET, a coordenação das matérias a submeter à sua apreciação e a elaboração da agenda das respetivas reuniões, sob proposta do Ministro da Economia e do Emprego.

7 - No âmbito da COET, o Ministro da Economia e do Emprego substitui o Primeiro-Ministro nas suas ausências.

8 - Determinar que o Turismo de Portugal assegura o apoio técnico necessário ao bom funcionamento da COET, competindo-lhe, nomeadamente, secretariar as respetivas reuniões.

9 - Determinar que a assunção de compromissos para a execução das medidas do Plano Estratégico Nacional para o Turismo a desenvolver no período 2013-2015 depende da existência de fundos disponíveis por parte das entidades públicas competentes.

10 - Revogar a Resolução do Conselho de Ministros n.º 53/2007, de 4 de abril.” (sublinhados meus)

É evidente a importância do Turismo de Portugal, no que ao autocaravanismo respeita, assente nos números 2, 4 e 5 da Resolução do Conselho de Ministros e a certeza de que quem assumir a Presidência deste organismo terá uma grande influência na aplicação das políticas turísticas.

Seria, pois, desejável, embora não creia que isso aconteça, que cada um dos candidatos a Presidente do Turismo de Portugal viesse, publicamente, pronunciar-se sobre a política turística que defendem para o Autocaravanismo e, muito especialmente, no que respeita à discriminação negativa de que o veículo autocaravana é, ainda, sujeito passivo.

Importante e muito, seria, também, que a Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP) solicitasse ao Primeiro-Ministro, no âmbito do número 5 da Resolução do Conselho de ministros atrás referida, que fosse a FCMP designada como entidade de reconhecido mérito para participar nas reuniões da Comissão de Orientação Estratégica para o Turismo.

Parafraseando um conhecidíssimo filósofo direi:

AUTOCARAVANISTAS DE TODO O MUNDO, UNI-VOS!


(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo – AQUI)

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