“Compreender
o que se passa no mundo, num país, numa aldeia, numa família, numa pessoa, ou
simplificando, para compreender os inter-relacionamentos da sociedade humana, é
necessário, mesmo imprescindível, conhecer os acontecimentos do passado e
interpretá-los à luz da época em que ocorreram com o conhecimento global do
presente.
Ter esse
conhecimento (ou qualquer outro) é ter poder. O poder de poder tomar as
melhores decisões nos momentos apropriados.”
Em
“Compreender Portugal (I)” (ver AQUI) encontra-se
explicitadas as razões da divulgação deste tema. Todos os textos e vídeos
anteriores sobre "Compreender Portugal" podem ser acedidos AQUI.
Aos
autocaravanistas sugiro que visitem muitos dos locais históricos referidos nos
vídeos.
Regeneração
A ideia de regeneração, expressa pelas palavras regeneração e regenerador,
fizeram parte da matriz inicial do pensamento vintista português
e andaram sempre no pensamento e no discurso dos liberais portugueses desde os
anos de1817/1820. Atente-se que Gomes Freire de Andrade foi venerável
de uma loja maçónica designada Regeneração e que o
organismo secreto que encabeçava a conspiração de 1817 se designava
o Conselho Supremo Regenerador de Portugal, Brasil e Algarves.
Também não foi por acaso que um dos patriarcas do vintismo, Manuel Borges Carneiro, escolheu o título de Portugal
Regenerado para o seu principal manifesto político. Implantado o regime
liberal, o objectivo quase mítico de se obter, finalmente, uma recuperação do
prestígio e pujança perdidos por Portugal continuaria a dominar o pensamento e
o discurso. Foi neste contexto que Manuel Fernandes Tomás celebrizou, em
intervenção parlamentar, o conceito, sempre adiado da nossa feliz
Regeneração.
Outra fonte inspiradora do movimento político da Regeneração,
que preparou ideologicamente, foi Alexandre Herculano e o grupo de
intelectuais, na maioria formados na Universidade de Coimbra, que inicialmente
formaram o escol ideológico do liberalismo. Progressivamente alienados de uma
governação que percebiam ser ineficaz e corrupta, sentindo-se traídos na pureza
dos seus ideais, este grupo passou a aspirar por uma mudança profunda que
libertasse Portugal do abatimento moral e do subdesenvolvimento em que se
encontrava. Pouco a pouco, também eles passaram a aspirar por um movimento regenerador.
Não admira pois que face ao desprestígio dos órgãos
constitucionais e ao apodrecimento da vida política portuguesa que resultou do
esmagamento da Patuleia e das normas impostas pelos vencedores, o novo
poder nascido do golpe de 1851 reclamasse a Regeneração para seu mote, apregoado
que agora, finalmente, chegaria a tão decantada quanto elusiva nossa feliz
Regeneração.
Fonte: Wikipédia – A enciclopédia livre
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