quinta-feira, 10 de abril de 2014

É essencialmente uma questão de bom senso



Alguns… felizmente poucos e sempre os mesmos

Alguns autocaravanistas (felizmente poucos e sempre os mesmos) quase que só analisam o (s) mensageiro (s) e quase que nunca se pronunciam sobre a substância da (s) mensagem (s). São também os mesmos que sobre as questões do autocaravanismo quase nunca escrevem assertivamente construtivos textos de opinião, desbravando caminhos, apontando eventuais soluções. A participação destes autocaravanistas, tanto na construção de uma crítica, como na proposta de uma solução, é tantas e tantas vezes contraditória, sendo normalmente incapazes de ir além do alinhavar de meia dúzia de palavras.


Um estudo mal aplaudido

São os mesmos que no passado, aplaudiram estudos sobre a política autocaravanista na Região do Algarve, que indicia a “guetização” e discriminação das autocaravanas, mas que alardeiam, esses autocaravanistas, sobre todos os males do autocaravanismo estarem centrados nos Parques de Campismo, campismo que em si mesmo, segundo eles, é imprescindível estripar do convívio autocaravanista. Na realidade o estudo que tanto celebraram tem como objetivo obrigar as autocaravanas a recolher a Parques de Campismo, política que na nossa vizinha Espanha já se começa a evidenciar com alguma regulamentação que já impede as autocaravanas de estarem estacionadas fora de locais autorizados para o efeito entre as 24 e as 8 horas. Mas, será que terão lido, pergunto, o estudo a que me refiro?


Leis para legislar o que já está legislado

São os mesmos que defendem a existência de Leis especificamente autocaravanistas sem, contudo, vir publicamente esclarecer qual o conteúdo dessas novas Leis e em que aspetos elas trariam para os autocaravanistas regulamentação que já não exista. São os mesmos que estão desfasados da realidade da sociedade em que nos encontramos e acreditam ou querem acreditar que uma Lei sobre Autocaravanismo se iria debruçar exclusivamente sobre os desejos dos autocaravanistas, não considerando que outros interesses instalados, de elevado poder económico, obviamente que se esforçariam para que da Lei resultasse a proteção dos respetivos interesses. Esta falta de visão levou, inclusive, a que os que defendem a existência de Leis especificamente autocaravanistas quisessem ressuscitar um antigo projeto Lei que discriminava o autocaravanismo, o que, felizmente, não se concretizou. Mas, será que terão lido, pergunto, o que sobre esta matéria já se escreveu?


Sem definir os princípios exigir Leis

São os mesmos que continuam a criticar a Declaração de Princípios da Plataforma de Unidade, subscrita por muitas entidades vocacionadas para o autocaravanismo, pela Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP) e pela Federação Internacional de Campismo, Caravanismo e Autocaravanismo (FICC). Críticas sem substância e que já foram oportunamente contraditadas. Declaração de Princípios a que a Assembleia Geral da FCMP veio agora dar ainda mais força ao reconfirmar, em finais de 2013, que os conceitos passam a ser política autocaravanista da Federação. Declaração de Princípios que a FICC inseriu também na sua esfera de ação. Mas, será, pergunto, que o facciosismo destes autocaravanistas não lhes permite ver para além de uma clubite irracional?


Não aprender com promessas não cumpridas

São os mesmos que sobre Quarteira (Loulé) acreditaram em muitas promessas e repentinamente viram as mesmas violadas com regulamentação que proíbe o estacionamento de autocaravanas em igualdade de circunstâncias com qualquer outro veículo de igual gabarito e que “obriga” as autocaravanas a recolherem a um Parque de Campismo para Autocaravanas. Mas, pergunto, será que estão esquecidos e não aprendem com estes (maus) exemplos?


Criticar sem razão substantiva

São os mesmos que não se questionam sobre as afirmações de princípio que devem nortear uma política autocaravanista e enquadrar as ações de instituições dignas desse nome. A FICC assumiu, ao aprovar os conceitos que a Declaração de Princípios contem, uma política autocaravanista a ser implementada por todas as centenas de instituições internacionais aderentes. A FCMP, ainda antes da FICC, assumiu, ao aprovar os conceitos que a Declaração de Princípios contem, uma política autocaravanista a ser implementada por todas as mais de 500 associações portuguesas federadas. E, pergunto, onde estão divulgados os princípios que defendem as outras instituições avalizadas por estes poucos e sempre os mesmos autocaravanistas como sendo as únicas defensoras do verdadeiro autocaravanismo? Mas, será, pergunto, que não é evidente que a FCMP e a FICC, Federações cuja existência resulta da vontade de centenas e centenas de associações e de milhares e milhares de autocaravanistas, ao subscreverem voluntariamente (porque a isso não estavam obrigadas) princípios autocaravanistas, não estão a defender responsavelmente o autocaravanismo?


Não analisar as situações externas

São os mesmos que contribuíram para a criação de associações com o especifico objetivo de instituírem uma Federação, sem refletirem sobre a sustentação politica e económica da mesma. Na nossa vizinha Espanha foi também criada a Federação (Federacion Española de Asociaciones Autocaravanistas (FEAA) que serviu de justificação (de exemplo) para que em Portugal se seguisse idêntico caminho. Contudo, em outubro de 2011, a FEAA abandonou a Federation Internationale des Clubs de Motorhomes (FICM) e aderiu à Fédération Internationale de Camping, Caravanning et Autocaravaning (FICC), realidade que foi muito difícil de aceitar, esquecida mesmo, principalmente numa época em que se preconizava a necessidade do nascimento de muitas associações autocaravanistas para se poder criar uma federação e, talvez, também, porque a decisão da FEAA (de sair da FICM) foi apoiada por nove importantes Clubes autocaravanistas espanhóis que já faziam parte FEAA. Algum tempo depois o lugar da FEAA na FICM foi ocupado por apenas um único clube, o Lleure Càmper Club Catalunya. Mais de dois anos após a constituição em Portugal de uma Federação com apenas dois Clubes filiados, sem perspetivas de mais adesões significativas e sem que a maioria dos autocaravanistas tenha vindo a optar por sair das associações inseridas na Federação de Campismo e Caravanismo de Portugal, não será, pergunto, este o momento para corajosa e conscientemente mudar de rumo?


Não parar para refletir

São os mesmos que não refletem sobre a evolução de uma instituição criada um tanto artificialmente há quase três anos (20 de junho de 2011) e cuja expansão é menor do que à data da criação. Comparando os previsíveis 6000 (?) autocaravanistas existentes em Portugal a esta Federação terão aderido, por vontade própria ou por inércia, uns 5%. Mas, só o CPA tem um pouco mais de 15%. E o Clube de Campismo e Caravanismo de Barcelos? E o Clube de Campismo do Porto? E o Clube de Campismo de Lisboa? E o Clube de Campismo “Estrela”? E o Clube de Campismo de Almada? E o Clube de Campismo… E o ACP? E… Seguramente que todos eles, todas as associações inscritas na Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, têm inscritos, pelo menos, uns 50 a 60% dos autocaravanistas existentes.


Todos estes acontecimentos deverão levar (as associações autocaravanistas) a refletir com seriedade sobre duas questões essenciais:

- Subscrição da Declaração de Princípios
- Criação (não orgânica) de uma Plataforma de Entendimento

É essencialmente uma questão de bom senso


(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) –  AQUI)

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