Alguns… felizmente poucos
e sempre os mesmos
Alguns autocaravanistas (felizmente poucos e sempre os
mesmos) quase que só analisam o (s) mensageiro (s) e quase que nunca se
pronunciam sobre a substância da (s) mensagem (s). São também os mesmos que
sobre as questões do autocaravanismo quase nunca escrevem assertivamente
construtivos textos de opinião, desbravando caminhos, apontando eventuais
soluções. A participação destes autocaravanistas, tanto na construção de uma
crítica, como na proposta de uma solução, é tantas e tantas vezes
contraditória, sendo normalmente incapazes de ir além do alinhavar de meia
dúzia de palavras.
Um estudo mal aplaudido
São os mesmos que no passado, aplaudiram estudos sobre a
política autocaravanista na Região do Algarve, que indicia a “guetização” e
discriminação das autocaravanas, mas que alardeiam, esses autocaravanistas,
sobre todos os males do autocaravanismo estarem centrados nos Parques de
Campismo, campismo que em si mesmo, segundo eles, é imprescindível estripar do
convívio autocaravanista. Na realidade o estudo que tanto celebraram tem como
objetivo obrigar as autocaravanas a recolher a Parques de Campismo, política
que na nossa vizinha Espanha já se começa a evidenciar com alguma regulamentação
que já impede as autocaravanas de estarem estacionadas fora de locais
autorizados para o efeito entre as 24 e as 8 horas. Mas, será que terão lido,
pergunto, o estudo a que me refiro?
Leis para legislar o que já está legislado
São os mesmos que defendem a existência de Leis
especificamente autocaravanistas sem, contudo, vir publicamente esclarecer qual
o conteúdo dessas novas Leis e em que aspetos elas trariam para os
autocaravanistas regulamentação que já não exista. São os mesmos que estão desfasados
da realidade da sociedade em que nos encontramos e acreditam ou querem
acreditar que uma Lei sobre Autocaravanismo se iria debruçar exclusivamente
sobre os desejos dos autocaravanistas, não considerando que outros interesses
instalados, de elevado poder económico, obviamente que se esforçariam para que
da Lei resultasse a proteção dos respetivos interesses. Esta falta de visão
levou, inclusive, a que os que defendem a existência de Leis especificamente
autocaravanistas quisessem ressuscitar um antigo projeto Lei que discriminava o
autocaravanismo, o que, felizmente, não se concretizou. Mas, será que terão
lido, pergunto, o que sobre esta matéria já se escreveu?
Sem definir os princípios exigir Leis
São os mesmos que continuam a criticar a Declaração de
Princípios da Plataforma de Unidade, subscrita por muitas entidades
vocacionadas para o autocaravanismo, pela Federação de Campismo e Montanhismo
de Portugal (FCMP) e pela Federação Internacional de Campismo, Caravanismo e
Autocaravanismo (FICC). Críticas sem substância e que já foram oportunamente
contraditadas. Declaração de Princípios a que a Assembleia Geral da FCMP veio
agora dar ainda mais força ao reconfirmar, em finais de 2013, que os conceitos
passam a ser política autocaravanista da Federação. Declaração de Princípios
que a FICC inseriu também na sua esfera de ação. Mas, será, pergunto, que o
facciosismo destes autocaravanistas não lhes permite ver para além de uma
clubite irracional?
Não aprender com promessas não cumpridas
São os mesmos que sobre Quarteira (Loulé) acreditaram em
muitas promessas e repentinamente viram as mesmas violadas com regulamentação
que proíbe o estacionamento de autocaravanas em igualdade de circunstâncias com
qualquer outro veículo de igual gabarito e que “obriga” as autocaravanas a
recolherem a um Parque de Campismo para Autocaravanas. Mas, pergunto, será que
estão esquecidos e não aprendem com estes (maus) exemplos?
Criticar sem razão substantiva
São os mesmos que não se questionam sobre as afirmações de princípio
que devem nortear uma política autocaravanista e enquadrar as ações de
instituições dignas desse nome. A FICC assumiu, ao aprovar os conceitos que a
Declaração de Princípios contem, uma política autocaravanista a ser
implementada por todas as centenas de instituições internacionais aderentes. A
FCMP, ainda antes da FICC, assumiu, ao aprovar os conceitos que a Declaração de
Princípios contem, uma política autocaravanista a ser implementada por todas as
mais de 500 associações portuguesas federadas. E, pergunto, onde estão
divulgados os princípios que defendem as outras instituições avalizadas por
estes poucos e sempre os mesmos autocaravanistas como sendo as únicas
defensoras do verdadeiro autocaravanismo? Mas, será, pergunto, que não é
evidente que a FCMP e a FICC, Federações cuja existência resulta da vontade de
centenas e centenas de associações e de milhares e milhares de autocaravanistas,
ao subscreverem voluntariamente (porque a isso não estavam obrigadas)
princípios autocaravanistas, não estão a defender responsavelmente o
autocaravanismo?
Não analisar as situações externas
São os mesmos que contribuíram para a criação de associações
com o especifico objetivo de instituírem uma Federação, sem refletirem sobre a
sustentação politica e económica da mesma. Na nossa vizinha Espanha foi também
criada a Federação (Federacion Española de Asociaciones Autocaravanistas (FEAA)
que serviu de justificação (de exemplo) para que em Portugal se seguisse
idêntico caminho. Contudo, em outubro de 2011, a FEAA abandonou a Federation
Internationale des Clubs de Motorhomes (FICM) e aderiu à Fédération
Internationale de Camping, Caravanning et Autocaravaning (FICC), realidade que foi
muito difícil de aceitar, esquecida mesmo, principalmente numa época em que se
preconizava a necessidade do nascimento de muitas associações autocaravanistas
para se poder criar uma federação e, talvez, também, porque a decisão da FEAA
(de sair da FICM) foi apoiada por nove importantes Clubes autocaravanistas
espanhóis que já faziam parte FEAA. Algum tempo depois o lugar da FEAA na FICM
foi ocupado por apenas um único clube,
o Lleure Càmper Club Catalunya. Mais de dois anos após a
constituição em Portugal de uma Federação com apenas dois Clubes filiados, sem
perspetivas de mais adesões significativas e sem que a maioria dos
autocaravanistas tenha vindo a optar por sair das associações inseridas na
Federação de Campismo e Caravanismo de Portugal, não será, pergunto, este o momento
para corajosa e conscientemente mudar de rumo?
Não parar para refletir
São os mesmos que não refletem sobre a evolução de uma
instituição criada um tanto artificialmente há quase três anos (20 de junho de
2011) e cuja expansão é menor do que à data da criação. Comparando os
previsíveis 6000 (?) autocaravanistas existentes em Portugal a esta Federação terão
aderido, por vontade própria ou por inércia, uns 5%. Mas, só o CPA tem um pouco
mais de 15%. E o Clube de Campismo e Caravanismo de Barcelos? E o Clube de
Campismo do Porto? E o Clube de Campismo de Lisboa? E o Clube de Campismo
“Estrela”? E o Clube de Campismo de Almada? E o Clube de Campismo… E o ACP? E…
Seguramente que todos eles, todas as associações inscritas na Federação de
Campismo e Montanhismo de Portugal, têm inscritos, pelo menos, uns 50 a 60% dos
autocaravanistas existentes.
Todos estes acontecimentos deverão levar (as associações
autocaravanistas) a refletir com seriedade sobre duas questões essenciais:
- Subscrição da Declaração de Princípios
- Criação (não orgânica) de uma Plataforma de Entendimento
É essencialmente uma
questão de bom senso
(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do
Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o
autocaravanismo (e não só) – AQUI)
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