PRECISA-SE
Solidariedade europeia
contra a discriminação negativa
Na passada quinta-feira (ver AQUI) expus neste espaço as minhas
preocupações sobre o que se teria passado na reunião da Comissão de
Autocaravanismo da Federação Internacional de Campismo, Caravanismo e
Autocaravanismo que teve lugar em Lisboa e que abordou a “Discriminação (negativa) no
estacionamento que afeta os autocaravanistas (portugueses e
estrangeiros) em
Portugal”.
Quero estar convicto que as intervenções dos Companheiros presentes
nessa reunião terão contribuído para que rapidamente se venham a iniciar ações
contra a discriminação negativa do veículo autocaravana.
Desconhecendo, porém, qualquer resultado obtido com a
reunião, pus-me a imaginar o que, naquelas circunstâncias, eu diria aos…
Companheiros Autocaravanistas da Comissão Europeia de
Autocaravanismo da
Federação Internacional de Campismo, Caravanismo e
Autocaravanismo (FICC).
Em 19 de abril de 2013, na reunião da Comissão Europeia de
Autocaravanismo da FICC, em Zadar, Croácia, fui autorizado a dirigir-vos
algumas palavras que permitiram dar-vos a conhecer a discriminação negativa que
se verificava em Portugal (e ainda verifica) sobre o autocaravanismo (ver AQUI).
Na data informei-vos que o Gabinete Jurídico da Federação de
Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP) tinha concluído que as posturas
municipais e a sinalização proibitiva do estacionamento e pernoita de
autocaravanas eram ilegais, na medida em que contrariavam normas legais de
nível superior - o Código da Estrada - e operavam uma discriminação infundada
(ver AQUI).
Também vos recordei que a FICC, por deliberação em 2011 de
um dos seus órgãos mais representativos, se tinha pronunciado contra a
discriminação negativa do autocaravanismo nos termos que constam da “FICC
News”, número 4 de 2012 (ver AQUI).
Terminei a intervenção apelando para que se iniciasse
uma ação consequente, mobilizadora e de protesto com o objetivo de erradicar a
discriminação negativa do autocaravanismo e fazer prevalecer os princípios já
aprovados pela FICC.
Permito-me, pois, tirar já as conclusões seguintes:
1º - Existe enquadramento político definido pela FICC que
permite à Comissão Europeia de Autocaravanismo definir um Programa Estratégico
de combate à discriminação negativa;
2º - Existe uma opinião jurídica suportada politicamente pela
FCMP para o território português;
3º - Existe conhecimento concreto de medidas legislativas em
Portugal, já ao nível autárquico (que se sobrepõem à convenção internacional “Código
da Estrada”) e também ao nível governamental, em que ambas discriminam negativamente
o veículo autocaravana.
Estou consciente, sem necessidade de mais quaisquer
investigações, que a discriminação negativa do autocaravanismo é uma realidade não
só em Portugal como em Espanha e na Croácia. E, se em muitos países europeus
esta discriminação negativa não existe pode dever-se a que os autocaravanistas
nesses países têm o hábito e/ou são obrigados a instalarem-se em Parques de
Campismo ou locais similares.
Os factos são conhecidos, os pressupostos políticos estão
definidos e são sustentáveis, o diagnóstico está feito.
O Homem desde sempre
se associou para que com essa associação obtivesse mais-valias e a proteção de
cada individuo pelo coletivo. É neste âmbito que se compreende a constituição
de federações e o pressuposto de solidariedade que não deve ficar só pelas
palavras ou pelas boas intenções. Os membros da FICC devem ajuizar dos
princípios que estão em causa. E já o fizeram, quando aprovaram e divulgaram um
texto contra a discriminação negativa (como atrás referi) e que não mereceu uma
única contestação. É também o princípio da solidariedade, da entre ajuda, do
desencanto, que pode estar em causa se a FICC não agir.
É imprescindível agir! Agir, já! Não agir rapidamente é
matar o sentimento de liberdade que a prática do autocaravanismo desenvolve.
Proponho que sejam levadas à prática algumas ações, não
necessariamente todas, não necessariamente em simultâneo, não necessariamente
estas ou apenas estas, mas devidamente calendarizadas para que não ultrapassem
mais que dois anos a serem concretizadas.
Proponho-vos e por vosso intermédio à FICC, de forma
sintética, o seguinte:
- A partir de hoje em todas as “FICC News” deve ser abordada a questão da discriminação negativa;
- A partir de hoje em todas as atividades a que a FICC compareça devem ser, tanto quanto for possível, feitas referências à discriminação negativa;
- Deve ser pedida pela FICC uma reunião com a Associação Nacional de Municípios Portugueses para analisar e encontrar solução ou soluções;
- Deve ser solicitada pela FICC uma reunião com o 1º Ministro e com a Assembleia da República de Portugal para expor a situação e sensibilizá-los para a temática;
- Deve ser solicitado pela FICC o apoio de todos os industriais e comerciantes europeus de autocaravanas para uma intervenção ativa contra a discriminação negativa;
- O tema do “Rally FICC 2016” que terá lugar em Portugal deverá ser: “Solidariedade europeia contra a discriminação negativa”;
- Deve a FICC apresentar no Parlamento Europeu um texto para uma eventual proposta de Diretiva que impeça que a legislação municipal em Portugal e noutros países possa modificar o espirito e a letra da convenção internacional sobre o “Código da Estrada” numa perspetiva de discriminação negativa.
Já vejo o ar de espanto (e não só) pela ousadia das minhas
propostas. Propostas irrealistas, dirão. “Sem pernas para andar”,
acrescentarão.
A minha poética resposta à ousadia das minhas eventualmente
consideradas irrealistas propostas é deixar-vos um trecho do poema “Pedra
Filosofal” de António Gedeão, um poeta português que foi (não se admirem!) um químico,
um professor de físico-química, um pedagogo, um investigador de História da
ciência e um divulgador da ciência:
“Eles não
sabem, nem sonham,
que o sonho
comanda a vida,
que sempre que
um homem sonha
o mundo pula e
avança
como bola
colorida
entre as mãos
de uma criança.”
Quero uma FICC que me
faça sonhar e que promova inequivocamente a solidariedade, para que o
autocaravanismo pule e avance, numa viagem colorida, num mundo melhor, entre as
mãos de um autocaravanista sonhador.
E o que querem os Companheiros Autocaravanistas da Comissão
da FICC?
(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do
Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o
autocaravanismo (e não só) – AQUI)
Quais os resultados da dita reunião em Lisboa?
ResponderEliminarSe estão nas mãos dos Deuses, deviam ser enviados para todos terem conhecimento.
Fica mais que espanto.
Fica a inércia.