quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O Livro das caras


O LIVRO DAS CARAS

Os autocaravanistas contemporâneos têm acesso mais facilitado aos meios de informação e comunicação do que os autocaravanistas de antanho.

Depois desta “lapalissada” (neologismo com base no Sr. De La Palisse) à pala de introdução justifica-se abordar as facilidades contemporâneas, sem, no entanto, me reportar aos primórdios da informação e comunicação via internet.

Num período em que os websites, blogues e fóruns assumiam uma maior popularidade verificava-se que os utilizadores exprimiam as opiniões de forma justificada com base no contraditório, por vezes em textos que aprofundavam as questões e que eram contraditados.

Com o aparecimento das chamadas redes sociais (facebook, twitter, youtube) alterou-se a forma de informar e comunicar. A não apetência pela leitura aprofundada de um livro (porque é moroso e pensar custa) substituída pela superficialidade do pensamento e pelo popularucho (revistas com muitas fotos e  reality-shows) tem vindo cada vez mais a ocupar espaço na forma de estar das pessoas com as consequências que os sociólogos não deixarão de estudar.

O Facebook (livro das caras) nasce a 4 de Fevereiro de 2004 na Universidade de Harvard (Estados Unidos da América) tendo já atingido mil milhões de utilizadores desde que foi criado; no entanto, recentemente perdeu alguns milhões de utilizadores, embora numa percentagem muito pequena. Imaginem o que seria para a indústria livreira se cada um dos mil milhões de utilizadores do Facebook adquirisse e lê-se pelo menos um bom livro por ano.

Com esta quantidade de utilizadores o Facebook não podia deixar de sair do espaço universitário para se implementar como um dos maiores negócios à escala mundial, negócio que é baseado essencialmente na publicidade.

Mas, o Facebook tem a apetência de milhões de pessoas porque, como acima refiro, assenta genericamente na superficialidade do pensamento e no popularucho das mensagens que divulga. Constate-se que as mensagens que são divulgadas são na maioria esmagadora partilhadas de outros que por sua vez as partilharam de outros e são curtas e, muitas vezes, de interpretação dúbia. Entre todas as mensagens colocadas no Facebook quais as que aprofundam um tema e são escritas pelos que as divulgam? Quantos utilizadores expressam de forma aprofundada, justificada, o que escrevem? Estarei a errar se afirmar que as mensagens escritas por quem as divulga terão em média 40 palavras?

Mas, a apetência pelo Facebook é também assente na convicção (ilusória) de que a partilha das nossas mensagens é retransmitida globalmente e, até em busca do protagonismo (transitório) correremos atrás dos likes (gostos), comparando as nossas páginas com as de outros. Só que a divulgação das nossas páginas e mensagens não é tão global quanto desejaríamos ou pensamos que é. Esta questão é tão importante que dentro de dias não deixarei de dar a palavra a um especialista na matéria para que o assunto seja melhor tratado.

Para mim o Facebook não é mais do que um meio (igual a muitos outros) que uso para divulgar os escritos que vou colocando no meu Blogue, onde procuro aprofundar os temas e onde os meus escritos se mantêm e podem ser facilmente consultados recorrendo ao “Índice temático” que se encontra na coluna da direita.


É-me indiferente que concorde ou não comigo, mas se os meus pensamentos contribuírem para que escreva em cada mensagem no Facebook mais que 40 palavras, se passar a transmitir as suas próprias ideias ao invés de partilhar as dos outros que por sua vez partilham as dos outros e se, sobretudo, o tiver levado a reflectir e partilhar essas reflexões, então, terei conseguido os meus objectivos e ambos estaremos a construir uma sociedade humana mais consciente.

(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) –  AQUI)


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