O LIVRO DAS CARAS
Os autocaravanistas contemporâneos têm acesso mais
facilitado aos meios de informação e comunicação do que os autocaravanistas de
antanho.
Depois desta “lapalissada” (neologismo com base no Sr. De La
Palisse) à pala de introdução justifica-se abordar as facilidades
contemporâneas, sem, no entanto, me reportar aos primórdios da informação e
comunicação via internet.
Num período em que os websites,
blogues e fóruns assumiam uma maior popularidade verificava-se que os
utilizadores exprimiam as opiniões de forma justificada com base no
contraditório, por vezes em textos que aprofundavam as questões e que eram
contraditados.
Com o aparecimento das chamadas redes sociais (facebook, twitter, youtube)
alterou-se a forma de informar e comunicar. A não apetência pela leitura
aprofundada de um livro (porque é moroso e pensar custa) substituída pela
superficialidade do pensamento e pelo popularucho (revistas com muitas fotos e reality-shows)
tem vindo cada vez mais a ocupar espaço na forma de estar das pessoas com as
consequências que os sociólogos não deixarão de estudar.
O Facebook (livro das caras) nasce a 4 de
Fevereiro de 2004 na Universidade de Harvard (Estados Unidos da América) tendo
já atingido mil milhões de utilizadores desde que foi criado; no entanto,
recentemente perdeu alguns milhões de utilizadores, embora numa percentagem
muito pequena. Imaginem o que seria para a indústria livreira se cada um dos
mil milhões de utilizadores do Facebook adquirisse e lê-se pelo menos um
bom livro por ano.
Com esta quantidade de utilizadores o Facebook
não podia deixar de sair do espaço universitário para se implementar como um
dos maiores negócios à escala mundial, negócio que é baseado essencialmente na
publicidade.
Mas, o Facebook tem a apetência de milhões
de pessoas porque, como acima refiro, assenta genericamente na superficialidade
do pensamento e no popularucho das mensagens que divulga. Constate-se que as
mensagens que são divulgadas são na maioria esmagadora partilhadas de outros
que por sua vez as partilharam de outros e são curtas e, muitas vezes, de
interpretação dúbia. Entre todas as mensagens colocadas no Facebook
quais as que aprofundam um tema e são escritas pelos que as divulgam? Quantos
utilizadores expressam de forma aprofundada, justificada, o que escrevem?
Estarei a errar se afirmar que as mensagens escritas por quem as divulga terão
em média 40 palavras?
Mas, a apetência pelo Facebook é também
assente na convicção (ilusória) de que a partilha das nossas mensagens é
retransmitida globalmente e, até em busca do protagonismo (transitório)
correremos atrás dos likes (gostos), comparando as nossas páginas com as
de outros. Só que a divulgação das nossas páginas e mensagens não é tão global
quanto desejaríamos ou pensamos que é. Esta
questão é tão importante que dentro de dias não deixarei de dar a palavra a um
especialista na matéria para que o assunto seja melhor tratado.
Para mim o Facebook não é mais do que um
meio (igual a muitos outros) que uso para divulgar os escritos que vou
colocando no meu Blogue, onde procuro aprofundar os temas e onde os meus
escritos se mantêm e podem ser facilmente consultados recorrendo ao “Índice
temático” que se encontra na coluna da direita.
É-me indiferente que concorde ou não comigo, mas se
os meus pensamentos contribuírem para que escreva em cada mensagem no Facebook
mais que 40 palavras, se passar a transmitir as suas próprias ideias ao invés
de partilhar as dos outros que por sua vez partilham as dos outros e se,
sobretudo, o tiver levado a reflectir e partilhar essas reflexões, então, terei
conseguido os meus objectivos e ambos estaremos a construir uma sociedade
humana mais consciente.
(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) – AQUI)
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