OS LUSÍADAS
Os Lusíadas é considerada
a epopeia portuguesa por excelência. O próprio título já sugere as
suas intenções nacionalistas, sendo derivado da antiga denominação romana de
Portugal, Lusitânia. É um dos mais importantes épicos da época moderna
devido à sua grandeza e universalidade. A epopeia narra a história
de Vasco da Gama e dos heróis portugueses que navegaram em torno
do Cabo da Boa Esperança e abriram uma nova rota para a Índia. É
uma epopeia humanista, mesmo nas suas contradições, na associação da mitologia
pagã à visão cristã, nos sentimentos opostos sobre a guerra e o império, no
gosto do repouso e no desejo de aventura, na apreciação do prazer sensual e nas
exigências de uma vida ética, na percepção da grandeza e no pressentimento do
declínio, no heroísmo pago com o sofrimento e luta. O poema abre com os
célebres versos:
Canto I
1
AS armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
2
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
3
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
(Luís
de Camões – 1524-1580)
LUÍS DE CAMÕES
Luís Vaz de Camões (Lisboa [?], cerca de 1524 —
Lisboa, 10 de Junho de 1580) foi
um poeta de Portugal, considerado uma das maiores figuras
da literatura em língua portuguesa e um dos grandes poetas
do Ocidente.
Pouco se sabe com certeza sobre a sua vida. Aparentemente
nasceu em Lisboa, de uma família da pequena nobreza. Sobre a sua infância
tudo é conjectura mas, ainda jovem, terá recebido uma sólida educação nos moldes
clássicos, dominando o latim e conhecendo a literatura e
a história antigas e modernas. Pode ter estudado na Universidade
de Coimbra, mas a sua passagem pela escola não é documentada. Frequentou a
corte de Dom João III, iniciou a sua carreira como poeta lírico e
envolveu-se, como narra a tradição, em amores com damas da nobreza e
possivelmente plebeias, além de levar uma vida boémia e turbulenta. Diz-se que,
por conta de um amor frustrado, se auto exilou em África, alistado como
militar, onde perdeu um olho em batalha. Voltando a Portugal, feriu um servo do
Paço e foi preso. Perdoado, partiu para o Oriente. Passando lá vários anos,
enfrentou uma série de adversidades, foi preso várias vezes, combateu ao lado
das forças portuguesas e escreveu a sua obra mais conhecida, a epopeia nacionalista Os
Lusíadas. De volta à pátria, publicou Os Lusíadas e recebeu uma
pequena pensão do rei Dom Sebastião pelos serviços prestados à Coroa,
mas nos seus anos finais parece ter enfrentado dificuldades para se manter.
Logo após a sua morte a sua obra lírica foi reunida na
colectânea Rimas, tendo deixado também três obras de teatro cómico.
Enquanto viveu queixou-se várias vezes de alegadas injustiças que sofrera, e da
escassa atenção que a sua obra recebia, mas pouco depois de falecer a sua
poesia começou a ser reconhecida como valiosa e de alto padrão estético por
vários nomes importantes da literatura europeia, ganhando prestígio sempre
crescente entre o público e os conhecedores e influenciando gerações de poetas
em vários países. Camões foi um renovador da língua portuguesa e
fixou-lhe um duradouro cânone; tornou-se um dos mais fortes símbolos de
identidade da sua pátria e é uma referência para toda a comunidade lusófona
internacional. Hoje a sua fama está solidamente estabelecida e é considerado um
dos grandes vultos literários da tradição ocidental, sendo traduzido para
várias línguas e tornando-se objeto de uma vasta quantidade de estudos
críticos.
Fonte:
Wikipédia – A Enciclopédia livre
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