segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Poesia de... Luís de Camões (II)



A redondilha na obra de Camões

Redondilha é o nome dado, a partir do século XVI, aos versos de cinco ou sete sílabas — a chamada medida velha. Aos de cinco sílabas dá-se o nome de redondilha menor e aos de sete sílabas, de redondilha maior.

A redondilha foi muito utilizada pelos poetas do Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende e por Camões.

Luís de Camões é um poeta “vivo” e actual ao ponto de ter sido cantado por Amália Rodrigues conforme se pode escutar no vídeo abaixo inserido.

Lianor


Descalça vai para a fonte
Lianor, pela verdura;
vai fermosa e não segura.

Leva na cabeça o pote,
o testo nas mãos de prata,
cinta de fina escarlata,
sainho de chamalote;
traz a vasquinha de cote,
mais branca que a neve pura;
vai fermosa e não segura.

Descobre a touca a garganta,
cabelos de ouro o entrançado,
fita de cor de encarnado…
tão linda que o mundo espanta!
chove nela graça tanta
que dá graça à fermosura;
vai fermosa, e não segura.

(Luís de Camões – 1524-1580)




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