Para não esquecer…
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Autocaravanismo
Encontro
Gesto EcoSolidário em S. Pedro do Sul - 2013
Foto Reportagem
VII GESTO ECOSOLIDÁRIO, em S. Pedro do Sul no período de 12
a 14 de Abril de 2013. O primeiro GESTO ECOSOLIDÁRIO foi uma iniciativa de um
grupo de autocaravanistas Luso-Espanhóis em 2006, em apoio à região devastada
por um incêndio em 2005.
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Serra de S. Macário
No maciço da Gralheira, região de S.
Pedro do Sul, sugerimos uma caminhada pela Serra de S. Macário, terra de
frondosas matas e de aldeias quase vazias. Vale a pena conhecer, cada vez com
mais urgência, a sua beleza e história.
Na região de S. Pedro do Sul (Viseu), na serra de S.
Macário, em pleno maciço da Gralheira, existe um esquecido pedaço de terra onde
velhas aldeias, quase desertas, e frondosas matas autóctones, se debatem por
travar a lenta, mas inexorável, marcha da desertificação.
Se algum dia tiver intenções de visitar a serra de S.
Macário, então aceite um conselho: faça-o bem cedo, se possível ao raiar do
dia. Só assim poderá desfrutar de um espectáculo incrivelmente belo e
grandioso. Assim que os primeiros raios de luz despontam no horizonte, o
espectáculo começa. Lentamente, as serras que povoam todo o horizonte perdem os
tons cinzentos e baços e ganham tonalidades violetas e azuis. O céu, ainda
escuro e pleno de pontos cintilantes, levanta o véu empurrado por um clarão que
surge a nascente. Sorrateiramente, as manchas brancas de nevoeiro matinal
esgueiram-se pelos vales como tentáculos de um gigantesco ser vivo que se
espreguiça. Finalmente, quando o disco luminoso se ergue acima do horizonte,
atinge-se o clímax: a serra explode em sons e melodias de seres alados, as
cores até aí esbatidas adquirem vida própria e o dia começa.
A pé, naturalmente, começamos então a viagem. Primeiro
ponto de paragem: alto de S. Macário, junto à curiosa capela do lendário Homem
Santo e agora padroeiro da serra. A estrutura, um singelo e austero rectângulo
caiado de branco com uma fachada aperaltada com dois obeliscos em granito e uma
cruz em ferro, pode causar alguma estranheza a caminheiros menos informados,
por se encontrar cercada por um muro em xisto que a oculta completamente até à
altura do telhado. O facto, contudo, deve-se, tão-somente, à necessidade de
proteger a estrutura dos ventos ciclónicos que frequentemente assolam a serra.
Depois de visitar a capela, e antes de partir, há ainda
tempo para perscrutar com os binóculos os extensos bosques de pinheiro-bravo (Pinus pinaster) nas
encostas, em busca dos seus mais recentes habitantes – os esquilos (Sciurus vulgaris) – e dos
sinais indeléveis das velhas aldeias que o tempo espalhou pelos vales e
ladeiras da serra.
Lenda de S. Macário
Diz a lenda que Macário era um homem bom, mas pobre e tinha
como profissão almocreve o que o obrigava a fazer grandes viagens.
Um dia, numa das suas ausências, os
pais dele, pensando que estaria em casa, vieram visitá-lo. Chegaram cheios de
fome e frio.
Em casa estava apenas a mulher de
Macário. Ainda tinha restos de sopa que tinha feito para ela e pão e com isso
matou-lhes a fome. Como estava frio e a lenha no era muita a ditosa senhora
cedeu a sua própria cama aos sogros para que se aquecessem, enquanto ela foi
buscar um molho de lenha.
Sem que a esposa soubesse,
entretanto Macário chegou de mais uma das suas viagens. Como não viu a esposa
foi à cama onde se encontravam duas pessoas a dormir. Como a claridade era
pouca no interior do casebre e cego com os ciúmes pensou que seria a sua mulher
que dormia acompanhada por alguém. Puxou de uma faca e matou-os. Passado algum
tempo a mulher chegou com o molho da lenha e grande foi o espanto de Macário. A
mulher perguntou-lhe se os pais já tinham acordado e ele contou-lhe o que tinha
acabado de fazer.
Ficou tão arrependido que resolveu
castigar-se, correndo montes e montes, sempre a pé e sozinho e jurou a si
próprio que se um dia se fixasse em algum lugar seria num sítio bem alto, onde
não vivesse ninguém e de onde pudesse contemplar a maravilha da Natureza em
toda a volta e aí sim adoraria a Deus para o resto da vida.
Esse local foi o monte de S. Macário
que se situa na serra da Arada e
actualmente pertence a três freguesias: S. Martinho das Moitas, Covas do Rio e Sul.
Aí viveu pobremente, comendo mel,
gafanhotos e répteis assim como rebentos de árvores.
Diz igualmente a lenda que, para se
aquecer, vinha à povoação mais próxima —Macieira — buscar brasas e as transportava na
mão sem se queimar. Porém um dia, quando transportava as brasas, passou por uma
pegureira (pastora) nova, olhou-lhe para as pernas, que por sinal eram
jeitosas, e, nesse mesmo instante queimou-se nas mãos.
A lenda não fala da sua morte.
No local mais alto do monte foi
edificada uma capela onde se venera o santo e cuja festa se realiza sempre no
último fim-de-semana do mês de Julho.
Mais abaixo, a cerca de trezentos
metros de distância da capela referida, encontra-se outra que, segundo a lenda,
era onde o santo vivia.
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