A LIBERDADE
(e a “expulsão” de autocaravanistas em
Silves (2014-02-21) – Parte III)
A LIBERDADE E O DESENVOLVIMENTO LOCAL
As reflexões que sobre este tema vos deixei (ver AQUI e AQUI) sobre “expulsão” de autocaravanistas
verificada em Silves a 21 de fevereiro deste ano (ver AQUI) e cujos comentários na altura não souberam (ou não quiseram) extrapolar
para além do acontecimento local, nem relacioná-los com as proibições
existentes em Quarteira (ver AQUI), eram necessárias para de forma sistematizada melhor se analisar o
assunto.
Entretanto e segundo o “Terra Ruiva” (ver AQUI) a permanência em Silves
dos Autocaravanistas (uns acampados e outros estacionados, digo eu) já era
objeto de preocupações desde pelo menos 25 de março de 2013 tendo resultado na
“expulsão” de autocaravanistas em 21 de fevereiro de 2014, e corretamente,
conforme o já disse (ver AQUI), relativamente aos que estavam acampados fora de espaços a isso
destinado e incorretamente relativamente aos que não estavam acampados, mas,
apenas, estacionados em conformidade com o Código da Estrada.
Ficámos também a saber que a Associação de Industriais
Hoteleiros e Similares do Algarve tinha reclamado junto da Câmara Municipal
contra a situação de “incumprimento” por parte dos autocaravanistas porque na
prática, dizia a referida associação, representava para o Estado uma perda significativa
de receita fiscal e solicitava à Câmara para "desencadear todos os meios
legais". Sobre as razões que levaram a Associação de Industriais
Hoteleiros e Similares do Algarve a, na prática, protestar junto da Câmara
Municipal pela permanência de autocaravanistas em lugares de estacionamento
autorizado a veículos não me quero pronunciar. Mas, não tenho dúvidas em
aceitar que no enquadramento da Declaração de Princípios da Plataforma de
Unidade (ver AQUI)
todas as autocaravanas que se encontrem acampadas devem ser “expulsas”.
Mas, o interessante, é a necessidade que o “Terra Ruiva”
sente em exprimir que parece ser o pensamento do comércio local:
“Sendo muito importante para a
cidade continuar a garantir a receita que centenas de autocaravanistas
proporcionam praticamente durante todo o ano, é também uma questão urgente
resolver os problemas que estas presenças provocam, principalmente nas questões
ambientais, criando condições para a descarga dos resíduos e garantindo
organização e higiene no espaço ocupado. Questões que a autarquia garante estar
a resolver.”
E estamos perante o desejo de ter sol na eira e chuva no nabal. Portugal não pode aceitar que no
inverno existam normas legais ou situações de condescendência que permitam que
as autocaravanas estejam acampadas na via pública e que no verão as normas
sejam distintas ou que não exista tolerância.
Queremos ser um país em que a economia e as finanças
prevaleçam e determinem todos os restantes aspetos da vida social?
Para que o autocaravanismo traga um desenvolvimento local
idêntico em todas as regiões do País as posturas municipais devem ser
semelhantes ao considerarem que acampar em autocaravana é a imobilização da mesma,
ocupando um espaço superior ao seu perímetro, em consequência da abertura de
janelas para o exterior, uso de toldos, mesas, cadeiras e similares, para a
prática de campismo. E, neste particular a Associação Nacional de Municípios
Portugueses tem uma responsabilidade educativa relevante.
Contudo, o estacionamento das
autocaravanas, em igualdade com outros veículos de igual gabarito, com ou sem
pessoas no interior, deve ser respeitado em conformidade com sinalização
vertical ou colocada no pavimento, que não discrimine o veículo autocaravana
apenas por o ser. E, sempre que viável, deve haver alguns estacionamentos com
marcação no pavimento apropriada às dimensões das autocaravanas, permitindo aos
autocaravanistas um acesso facilitado ao comércio local, aos museus, aos
monumentos e outros locais turísticos.
É através de processos legais, não
discriminatórios, relacionados com o ESTACIONAMENTO de autocaravanas que se
pode e deve defender o acesso ao comércio local, logo e consequentemente, se
permite que o autocaravanismo contribua para o desenvolvimento local.
As instituições que apoiam o
autocaravanismo e que subscreveram a Declaração de Princípios da
Plataforma de Unidade, como por exemplo a Associação Autocaravanista de
Portugal – CPA e a Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal estão
seguramente aptas e disponíveis para colaborarem na implementação de uma
filosofia autocaravanista que contribua para desenvolvimento económico das
populações, para a proteção ambiental e para o melhor ordenamento do trânsito
automóvel, sem prejuízo da defesa intransigente da NÃO DISCRIMINAÇÃO NEGATIVA DO
AUTOCARAVANISMO.
(O
autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma
opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) – AQUI)
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