Centro de interpretação da batalha de Aljubarrota
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Autocaravanismo
Encontro
do CAB em Aljubarrota - 2009
Foto Reportagem
Encontro do CAB (Circulo de Autocaravanistas da
Blogo-Esfera) em Aljubarrota (Portugal) a 30 de Janeiro e 1 de Fevereiro de
2009.
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Aljubarrota é uma freguesia portuguesa do concelho de Alcobaça com 47,95 km² de área e 6 639
habitantes (2011). Densidade: 138,5 hab/km².
História
A vila conserva a traça de natureza histórico-medieval,
com prédios que, não ultrapassando o primeiro andar, são caracterizados pelo
uso de cantarias, colunas, janelas de geometria vária e cor branca nas paredes.
Foi nas suas proximidades que se travou uma das mais
decisivas batalhas pela independência nacional - a Batalha de Aljubarrota, em 14 de agosto de 1385.
Aljubarrota tem sido palco de uma feira medieval,
realizada anualmente em Agosto, comemorando a Batalha.
Foi vila e sede de concelho até ao início do século XIX. Recuperou o estatuto de
vila em 2 de julho de 1993.
Foi em Aljubarrota que, no século XVIII nasceu Eugénio dos Santos, o arquitecto
português responsável pela reconstrução da Baixa Pombalina de Lisboa após o terramoto de 1755.
A freguesia foi constituída em 2013, no âmbito de uma reforma
administrativa nacional, pela agregação das antigas freguesias de Prazeres de Aljubarrota e São
Vicente de Aljubarrota.
A Batalha
de Aljubarrota decorreu no
final da tarde de 14 de agosto de 1385 entre tropas portuguesas com aliados ingleses, comandadas por
D. João I de Portugal e o seu condestável D. Nuno
Álvares Pereira, e o exército castelhano e seus aliados liderados por D. João I de Castela. A batalha deu-se no
campo de São Jorge, nas imediações da vila de Aljubarrota, entre as localidades
de Leiria e Alcobaça,
no centro de Portugal.
O resultado foi uma derrota definitiva dos castelhanos,
o fim da crise de 1383-1385 e a consolidação de D. João I, Mestre
de Avis, como rei de Portugal, o primeiro da Dinastia de Avis. A aliança Luso-Britânica saiu reforçada desta batalha e seria
selada um ano depois, com a assinatura do Tratado
de Windsor e o casamento do rei D.
João I com D. Filipa de
Lencastre. Como agradecimento pela vitória na Batalha de Aljubarrota, D. João I
mandou edificar o Mosteiro da
Batalha. A paz com Castela só viria a estabelecer-se em 1411 com o Tratado de Ayllón, ratificado em 1423.
A Batalha de Aljubarrota foi uma das raras grandes
batalhas campais da Idade Média entre dois exércitos régios e um dos
acontecimentos mais decisivos da história de Portugal. Inovou a tática militar, permitindo que homens
de armas apeados fossem capazes de vencer uma poderosa cavalaria. No campo
diplomático, permitiu a aliança entre Portugal e a Inglaterra, que perdura até
hoje. No aspeto político, resolveu a disputa que dividia o Reino de Portugal do
Reino de Castela e Leão, permitindo a afirmação de Portugal como Reino
Independente, abrindo caminho sob a Dinastia de Avis para uma das épocas mais
marcantes da história de Portugal, a era
dos Descobrimentos.
Directamente associada à vitória dos portugueses nesta
batalha, celebrizou-se a figura lendária da heroína Brites de Almeida, mais conhecida como "a Padeira de Aljubarrota", que
com a sua pá terá morto sete castelhanos que encontrara escondidos no seu forno.
Antecedentes
No fim do século
XIV, a Europa encontrava-se a braços com uma época de crise e revolução. A Guerra dos Cem Anos devastava a França, epidemias de peste negra levavam vidas em todo o continente, a
instabilidade política que dominava e Portugal não era exceção.
Em 1383,
El-rei D. Fernando morreu sem um filho varão, que
herdasse a coroa. A sua única filha era a infanta D. Beatriz, casada com o rei D. João I de
Castela. A burguesia mostrava-se insatisfeita com a regência da Rainha D. Leonor Teles e do seu favorito, o conde Andeiro e com a ordem da sucessão, uma vez que
isso significaria anexação de Portugal por Castela. As pessoas alvoroçaram-se
em Lisboa, o conde Andeiro foi
morto e o povo pediu ao mestre de Avis, D. João, filho natural de D. Pedro I de Portugal, que ficasse por
regedor e defensor do Reino.
O período de interregno que se seguiu ficou conhecido
como crise de 1383-1385.
Finalmente a 6 de Abril de 1385, D. João, mestre da Ordem de Avis, é aclamado rei pelas cortes reunidas em Coimbra, mas o rei de Castela não
desistiu do direito à coroa de Portugal, que entendia advir-lhe do casamento.
Perante a revolta da população portuguesa em vários
pontos e cidades do Reino de Portugal, o Rei de Castela, decide em 1384 entrar
em Portugal. Entre Fevereiro e Outubro deste ano monta um cerco a Lisboa, por
terra e por mar.
Uma frota portuguesa vinda do Porto enfrenta, a 18 de
Julho de 1384, à entrada de Lisboa, a frota castelhana, na batalha do Tejo. Os
portugueses perdem três naus e sofrem vários prisioneiros e mortos; no entanto,
a frota portuguesa consegue romper a frota castelhana, que era muito superior,
e descarregar no porto de Lisboa os alimentos que trazia. Esta ajuda alimentar
veio-se a revelar muito importante para a população que defendia Lisboa.
O cerco de Lisboa pelas tropas castelhanas acaba por
não resultar, devido à determinação das forças portuguesas em resistir ao
cerco, ao facto de Lisboa estar bem murada e defendida, à ajuda dos alimentos
trazidos do Porto e devido à epidemia de peste negra que assolou as forças
castelhanas acampadas no exterior das muralhas.
Em Junho de 1385, D. João I de Castela decide invadir
novamente Portugal, desta vez à frente da totalidade do seu exército e
auxiliado por um forte contingente de cavalaria francesa.
Disposição da hoste portuguesa
Quando as notícias da invasão chegaram, é reunido o
conselho militar em Abrantes para decidir o que fazer. O rei decide
invadir Castela pela zona de Sevilha para atrair o exército invasor. O
condestável opõe-se e defende dar batalha para travar o passo ao inimigo; não
se entendem e D. Nuno parte com a sua hoste para Tomar. O rei pensando melhor manda
informar D. Nuno que estava de acordo com ele e encontram-se os dois em Tomar.
Com os aliados ingleses, o exército português intercetou os invasores perto de Leiria. Dada a lentidão com que os
castelhanos avançavam, D. Nuno Álvares Pereira teve tempo para escolher o
terreno favorável para a batalha. A opção recaiu sobre uma pequena colina de
topo plano rodeada por ribeiros, perto de Aljubarrota. Contudo o exército
Português não se apresentou ao Castelhano nesse sítio, inicialmente formou as
suas linhas noutra vertente da colina, tendo depois, já em presença das hostes
castelhanas mudado para o sítio predefinido, isto provocou bastante confusão
nas tropas de Castela.
Assim pelas dez horas da manhã do dia 14 de agosto, o exército tomou a sua
posição na vertente norte desta colina, de frente para a estrada por onde os
castelhanos eram esperados. A disposição portuguesa era a seguinte: infantaria
no centro da linha, uma vanguarda de besteiros com os 200 archeiros ingleses, 2
alas nos flancos, com mais besteiros, cavalaria e infantaria. Na retaguarda,
aguardavam os reforços e a cavalaria comandados por D. João I de Portugal em
pessoa. Desta posição altamente defensiva, os portugueses observaram a chegada
do exército castelhano protegidos pela vertente da colina.
A chegada dos castelhanos
A vanguarda do exército de Castela chegou ao teatro da
batalha pela hora do almoço, sob o sol escaldante de agosto. Ao ver a posição
defensiva ocupada por aquilo que considerava os rebeldes, o rei de Castela
tomou a esperada decisão de evitar o combate nestes termos. Lentamente, devido
aos 30 000 soldados que constituíam o seu efetivo, o exército castelhano
começou a contornar a colina pela estrada a nascente. A vertente sul da colina
tinha um desnível mais suave e era por aí que, como D. Nuno Álvares previra,
pretendiam atacar.
O exército português inverteu então a sua disposição e
dirigiu-se à vertente sul da colina, onde o terreno tinha sido preparado
previamente. Uma vez que era muito menos numeroso e tinha um percurso mais
pequeno pela frente, o contingente português atingiu a sua posição final muito
antes do exército castelhano se ter posicionado. D. Nuno Álvares Pereira havia
ordenado a construção de um conjunto de paliçadas e outras defesas em frente à
linha de infantaria, protegendo esta e os arqueiros. Este tipo de tática
defensiva, muito típica das legiões romanas, ressurgia na Europa nessa altura.
Pelas seis da tarde, os castelhanos ainda não
completamente instalados decidem, precipitadamente, ou temendo ter de combater
de noite, começar o ataque.
É discutível se de facto houve a tão famosa tática do
"quadrado" ou se simplesmente esta é uma visão imaginativa de Fernão
Lopes de umas alas reforçadas. No entanto tradicionalmente foi assim que a
Batalha acabou por seguir para a história.
A batalha
O ataque começou com uma carga da cavalaria francesa: a toda a brida e em força,
de forma a romper a linha de infantaria adversária. Contudo as linhas
defensivas portuguesas repeliram o ataque. A pequena largura do campo de
batalha, que dificultava a manobra da cavalaria, as paliçadas (feitas com
troncos erguidos na vertical separados entre si apenas pela distância
necessária à passagem de um homem, o que não permitia a passagem de cavalos) e a
chuva de virotes lançada pelos besteiros (auxiliados por 2 centenas de
arqueiros ingleses) fizeram com que, muito antes de entrar em contacto com a
infantaria portuguesa, já a cavalaria se encontrar desorganizada e confusa. As
baixas da cavalaria foram pesadas e o efeito do ataque nulo.
Ainda não perfilada no terreno, a retaguarda castelhana
demorou a prestar auxílio e, em consequência, os cavaleiros que não morreram
foram feitos prisioneiros pelos portugueses.
Depois deste revés, a restante e mais substancial parte
do exército castelhano atacou. A sua linha era bastante extensa pelo elevado
número de soldados. Ao avançar em direção aos portugueses, os castelhanos foram
forçados a apertar-se (o que desorganizou as suas fileiras) de modo a caber no
espaço situado entre os ribeiros. Enquanto os castelhanos se desorganizavam, os
portugueses redispuseram as suas forças, dividindo a vanguarda de D. Nuno Álvares em dois setores, de modo a enfrentar a
nova ameaça. Vendo que o pior ainda estava para chegar, D. João I de Portugal ordenou a retirada dos
besteiros e archeiros ingleses e o avanço da retaguarda através do espaço
aberto na linha da frente.
Desorganizados, sem espaço de manobra e finalmente
esmagados entre os flancos portugueses e a retaguarda avançada, os castelhanos
pouco puderam fazer senão morrer. Ao pôr-do-sol,
a batalha estava já perdida para Castela. Precipitadamente, D. João de Castela
ordenou a retirada geral sem organizar a cobertura. Os castelhanos debandaram
então desordenadamente do campo de batalha. A cavalaria Portuguesa lançou-se em
perseguição dos fugitivos, dizimando-os sem piedade.
Alguns fugitivos procuraram esconder-se nas redondezas,
apenas para acabarem mortos às mãos do povo.
Surge aqui uma tradição portuguesa em torno da batalha:
uma mulher, de seu nome Brites de Almeida, recordada como a Padeira de
Aljubarrota, iludiu, emboscou e matou pelas próprias mãos alguns
castelhanos em fuga. A história é por certo uma lenda da época. De qualquer forma,
pouco depois D. Nuno Álvares Pereira ordenou a suspensão da perseguição e deu
trégua às tropas fugitivas.
O dia seguinte
Na manhã de 15
de agosto, a catástrofe sofrida pelos castelhanos ficou bem à vista: os
cadáveres eram tantos que chegaram para barrar o curso dos ribeiros que
flanqueavam a colina. Para além de soldados de infantaria, morreram também
muitos nobres fidalgos castelhanos, o que causou luto em
Castela até 1387. A cavalaria francesa sofreu em Aljubarrota outra
pesada derrota contra as táticas de infantaria,
depois de Crécy e Poitiers.
A batalha de Azincourt, já no século XV, mostra que Aljubarrota não
foi a última vez em que isso aconteceu.
Com esta vitória, D. João I tornou-se no rei
incontestado de Portugal, o primeiro da Dinastia
de Avis.
Para celebrar a vitória e agradecer o auxílio divino
que acreditava ter recebido, D. João I mandou erigir o Mosteiro de Santa Maria da Vitória e fundar a vila da Batalha. Assim como, passados sete
anos da batalha, o nosso condestável D. Nuno
Álvares Pereira mandou construir
a Ermida de São Jorge, em Calvaria de Cima, onde precisamente
está o campo de militar de São Jorge e ele havia depositado o seu estandarte nesse dia. Hoje nesse mesmo último
local, há também um moderno centro de interpretação que explica o desenrolar
dos acontecimentos, seus antecedentes e suas consequências.
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